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Mensalão as prisões

Ex-diretor do Banco do Brasil foge para a Itália

Petista tem dupla cidadania e pedirá novo julgamento em tribunal italiano

Henrique Pizzolato foi condenado pelo STF por ter autorizado repasse de R$ 73,8 milhões para esquema do mensalão

DO RIO DE BRASÍLIA

Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal por seu envolvimento com o esquema do mensalão, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato fugiu do Brasil para a Itália e anunciou ontem que pedirá novo julgamento, agora por um tribunal italiano.

Uma equipe da Polícia Federal esteve na casa do petista para buscá-lo anteontem, mas a família disse que não sabia o paradeiro dele. Ontem, parentes do ex-diretor do BB divulgaram nota à imprensa afirmando que Pizzolato está na Itália há 45 dias.

O advogado Marthius Lobato, que defendeu Pizzolato no processo do mensalão, disse que só soube ontem que ele estava na Itália e que não sabe como ele deixou o país. Pizzolato, que tem cidadania italiana, teve o passaporte europeu retido com o brasileiro pela Justiça no ano passado.

Lobato declarou sua participação no caso encerrada e distribuiu uma carta deixada por Pizzolato, em que o petista queixa-se da maneira como o STF conduziu o processo do mensalão e anuncia que vai pedir novo julgamento.

"Por não vislumbrar a minha chance de ter um julgamento afastado de motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi, consciente e voluntariamente, fazer valer meu legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial, como está consagrado no tratado de extradição Brasil e Itália."

Pizzolato foi condenado por ter autorizado o repasse de R$ 73,8 milhões do Banco do Brasil para o esquema do mensalão, que distribuiu milhões de reais a políticos que apoiaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso entre 2003 e 2005.

Pizzolato afirmou em sua defesa que os recursos do Banco do Brasil foram aplicados em campanhas publicitárias, e não desviados para o mensalão. Mas ele mesmo recebeu R$ 336 mil do esquema, num envelope que disse ter entregue ao PT sem abrir.

Como Pizzolato tem dupla cidadania, dificilmente as autoridades brasileiras terão como trazê-lo de volta. O Ministério da Justiça poderá pedir a extradição à Itália, mas é improvável que os italianos aceitem o pedido, porque Pizzolato é cidadão italiano também.

PARAGUAI

A PF não sabe como Pizzolato deixou o país, mas desconfia que ele tenha viajado de Ponta Porã (MS) para Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e de lá para Assunção, a capital paraguaia. Brasileiros não precisam de passaporte para entrar no Paraguai.

Segundo policiais, Pizzolato pode ter obtido uma segunda via do passaporte italiano no consulado da Itália em Assunção, onde bastaria declarar a perda do documento original para conseguir outro.

No ano passado, Pizzolato chegou a passar alguns meses na Itália, quando o julgamento ainda estava em curso mas sua condenação já estava definida. Ele disse na época, e repetiu na carta de ontem, que viajou para acompanhar um parente doente.

Em novembro, a notícia da viagem fez o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, determinar o recolhimento dos passaportes de todos os acusados no processo. A providência revelou-se inócua no caso de Pizzolato.

Responsável pelo cumprimento dos mandados de prisão dos condenados do mensalão, a PF acredita que o Supremo poderia ter solicitado algum tipo de vigilância para evitar a fuga de Pizzolato.

Policiais ouvidos pela Folha disseram que a PF não monitorou ostensivamente nenhum dos réus nos últimos meses, até porque estaria cometendo uma ilegalidade se fizesse isso sem autorização judicial.


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