Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Valdemar diz que Congresso precisa enfrentar 'déspotas'
Condenado pelo mensalão, parlamentar abre mão do mandato pela segunda vez para evitar processo
Carta foi lida no plenário minutos após o STF ordenar sua prisão para cumprir sua pena de 7 anos e 2 meses
Ao renunciar pela segunda vez ao mandato de deputado federal devido ao seu envolvimento no mensalão, Valdemar Costa Neto (PR-SP) cobrou do Congresso "coragem para enfrentar déspotas poderosos e seus aliados".
Sem se referir ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, o ex-deputado afirma que o Legislativo tem sua autonomia ameaçada por "circunstâncias de patrocínio inconfessável". Valdemar abriu mão de seu mandato minutos depois de o Supremo determinar a sua prisão.
A carta foi lida pelo deputado Luciano Castro (PR-RR). "O Legislativo tem o dever de providências enérgicas, sobretudo quando sua autonomia é questionada por circunstancias de patrocínio inconfessável", diz o texto.
Valdemar é o segundo deputado federal condenado no mensalão a renunciar --na terça, foi o ex-presidente do PT José Genoino (SP) quem abriu mão do mandato.
Essa mesma ação foi tomada por Valdemar em 2005, quando o escândalo veio à tona em entrevista do então presidente do PTB, Roberto Jefferson, à Folha.
Na época, Valdemar foi o primeiro parlamentar a renunciar ao mandato para evitar a cassação e a consequente inelegibilidade de mais de oito anos. Com a manobra, conseguiu se eleger deputado de novo em 2006.
Em sua carta, Valdemar refirmou ter sido condenado de forma injusta e ainda reclamou pelo fato de, ao ser julgado pelo STF, não ter como recorrer a outra instância.
O Supremo o condenou a 7 anos e 2 meses de prisão sob a acusação de que ele recebeu R$ 8,8 milhões em uma negociação para que o PL, hoje PR, apoiasse o governo de Lula no Congresso.
"Certo de que pagarei pelas faltas que já reconheci, reitero que fui condenado por crimes que não cometi. Serenamente, passo a cumprir uma sentença de culpa, flagrantemente destituída do sagrado direito ao duplo grau de jurisdição", diz Valdemar em sua carta de renúncia.
CADEIRA VAGA
O ex-parlamentar terá direito a aposentadoria proporcional de R$ 16.873,74. Como deputado, ele recebia salário de R$ 26,7 mil.
A Câmara dos Deputados ainda tem dúvidas sobre quem vai ocupar a vaga de Valdemar Costa Neto.
O substituto é Helcio Antonio Silva (PT) vice-prefeito de Mauá (SP). Se ele recusar, assume o mandato Gustavo Petta (PC do B), ex-presidente da UNE.