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Após 12 anos, Brasil anuncia compra de caça sueco para FAB

Com oferta de 36 aviões por US$ 4,5 bi e transferência de tecnologia, Gripen venceu F-18, dos EUA, e francês Rafale

Por ser um monomotor menor que os bimotores concorrentes, o modelo vencedor tem custo operacional mais baixo

IGOR GIELOW DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA FERNANDA ODILLA DE BRASÍLIA

Após 12 anos de discussão e protelações, o Brasil escolheu o sueco Saab Gripen NG como o novo caça padrão da FAB (Força Aérea Brasileira).

Foram derrotadas as gigantes e ex-favoritas Boeing (EUA) e Dassault (França), que sofreram com reveses políticos como o escândalo da espionagem americana.

Serão 36 unidades do avião, 8 delas com dois lugares para treinamento, a serem entregues entre 2016 e 2023, se o contrato for assinado ainda em 2014. O financiamento, diz a Saab, pode estender-se por mais 14 anos depois.

O negócio custará US$ 4,5 bilhões (R$ 10,5 bilhões), menos do que os US$ 6 bilhões oferecidos inicialmente pela Saab em 2008 --que já fazia a proposta a mais barata.

Além disso, por ser um monomotor menor que os bimotores Boeing F-18 e Dassault Rafale, o sueco tem um custo operacional mais baixo.

Não haverá gasto no mandato de Dilma Rousseff, que tomou a decisão protelada três vezes antes por Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

"Vamos pechinchar ao máximo. O primeiro desembolso real só ocorrerá após o último avião ser entregue", disse o comandante da FAB, Juniti Saito. Haverá contrapartidas dos suecos no desenvolvimento conjunto do avião.

"Levará um tempo ainda. A Aeronáutica vai discutir o contrato", afirmou o ministro da Defesa, Celso Amorim.

A etapa atual da negociação começou em 2008, mas desde 2001 há concorrência. A ideia é substituir os caças hoje na FAB por um aparelho que possa fazer combate aéreo, interceptação e ataque ao solo. A previsão de demanda futura é de 120 aviões.

O Rafale foi favorito nos anos Lula, apesar de ser mais caro (US$ 8 bilhões na primeira oferta). O F-18 ganhou terreno com Dilma, para ser abatido pelas revelações de que até ela era alvo de espionagem americana.

Além do preço, a proposta de transferência tecnológica convenceu a FAB desde 2009, quando colocou o Gripen como predileto. Essa preferência foi revelada pela Folha em 2010. "É o avião completo. Quando terminar o desenvolvimento, teremos propriedade intelectual", disse Saito.

Amorim não falou sobre espionagem. Questionado sobre quem ficou em segundo, se esquivou. "É que nem Oscar, ganhou ou não ganhou."

O anúncio surpreendeu. Foi a própria Dilma, em almoço com militares, que avisou que a decisão seria divulgada mais tarde. Saito comemorou, em mensagem de texto por celular. Disse não "ter perdido as esperanças" e que a demora na decisão representou "anos de sofrimento".

Seu interlocutor havia antes escrito o brado dos pilotos de caça, como Saito: "A la chasse!" (À caça, em francês).

O NG é um protótipo desenvolvido a partir de duas gerações anteriores do Gripen, que tem 235 unidades voando. O Brasil poderá participar de seu desenvolvimento, com acesso ao "know-how".

Saito prevê que 80% dos aviões sejam feitos no Brasil. O NG já foi comprado pela Suécia (60 encomendas) e está prestes a ser adquirido pela Suíça (22). Gripens anteriores voam em seis países.

A Dassault criticou a escolha do modelo sueco: "[O Gripen] conta com muitos equipamentos de países terceiros, especialmente norte-americanos. Monomotor e mais leve, o Gripen não é equivalente ao Rafale", diz o texto.


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