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Jango recebe mandato de presidente de volta

Presentes à sessão, militares não aplaudiram entrega de um diploma a filho de Goulart

DE BRASÍLIA

Na presença dos chefes das Forças Armadas e da presidente Dilma Rousseff, o Congresso Nacional devolveu ontem, simbolicamente, o mandato do presidente João Goulart (1919-1976), deposto pelo golpe militar de 1964.

O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), fez um pedido de desculpas "pelas inverdades patrocinadas pelo Estado brasileiro" contra um "patriota".

A cerimônia oficializa decisão tomada no mês passado por parlamentares que anulou a sessão do Congresso de 2 de abril de 1964. Na ocasião, o Legislativo declarou vaga a Presidência da República sob o argumento de que Jango estava fora do país.

A solenidade também se soma à ação do governo de exumar os restos mortais de Jango como forma de apurar a causa da sua morte. À época foi divulgado que o presidente morreu devido a um infarto, mas familiares e o governo federal suspeitam que ele foi envenenado por agentes ligados à ditadura militar.

O filho de Jango, João Vicente, recebeu das mãos de Renan um diploma simbolizando a devolução do cargo. Ele foi abraçado por Dilma, que não discursou.

Destoando dos demais presentes, o general Enzo Peri (Exército), o brigadeiro Juniti Saito (Aeronáutica) e o comandante Julio Soares de Moura Neto (Marinha) não bateram palmas na hora em que o diploma foi entregue.

A proposta de devolver o mandato foi apresentada pelos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Simon (PMDB-RS).

No pedido, os congressistas afirmaram que a anulação faz um "resgate histórico", pois a vacância do cargo permitiu o golpe militar de 1964, embora Jango estivesse em Porto Alegre (RS).

A ideia, de acordo com os parlamentares, seria retirar qualquer "ar de legalidade" do golpe militar de 1964.

Randolfe aproveitou para alfinetar os militares da época: "Setores que não queriam que este país avançasse".

O filho de Jango fez críticas ao Congresso da época, lembrando que o golpe foi legalizado pelo Legislativo. Ele disse que a medida foi uma injustiça e é uma "triste mancha" para o país, porque legalizou a ditadura e um governo de exceção.

"É importante uma nação reencontrar sua história", afirmou. Ele também reforçou que o golpe foi contra as reformas de base propostas por Jango e cobrou do atual Congresso profundas reformas agrária e política.

"Estamos recusando a falsidade que perdurou durante 49 anos. Estamos declarando que João Goulart não era fugitivo, mas uma vítima que tentou resistir", disse Renan.

"Peço desculpas pela inverdade patrocinada pelo Estado brasileiro, com participação do Legislativo e do Judiciário, contra um patriota", acrescentou Renan.


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