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Caixa sofre fraude milionária da Mega-Sena
Quadrilha abre conta para receber prêmio falso de R$ 73 milhões e transfere dinheiro; suplente de deputado é preso
Segundo a PF, banco disse se tratar da maior fraude em sua história; gerente de agência no TO também é preso
A Polícia Federal desencadeou ontem uma operação em três Estados para desarticular uma quadrilha que fraudou a Caixa Econômica Federal em mais de R$ 70 milhões no fim do ano passado.
Segundo a PF, o banco disse se tratar da maior fraude já sofrida em sua história.
Foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva, dez mandados de busca e apreensão e um mandado de condução coercitiva (quando o suspeito é obrigado a depor na delegacia) em Goiás, no Maranhão e em São Paulo.
Entre os investigados está o suplente de deputado federal Ernesto Vieira Carvalho Neto (PMDB-MA). Ele foi preso na tarde de ontem numa estrada no Maranhão.
Segundo a PF, Carvalho Neto tentou fugir e foi capturado em um cerco feito com o apoio de policiais militares.
Ele adquiriu um avião de pequeno porte há menos de um mês, e a PF suspeita que a compra tenha sido feita com dinheiro da fraude.
A Folha não conseguiu contato com a Câmara dos Deputados nem com a assessoria do suplente.
A fraude, segundo a PF, consistiu na abertura de uma conta-corrente na agência da Caixa em Tocantinópolis (TO), em nome de uma pessoa fictícia, para receber um prêmio falso da Mega-Sena no valor de R$ 73 milhões. O dinheiro foi transferido em seguida para outras contas.
O gerente-geral da agência é suspeito de envolvimento e foi preso em dezembro.
Os investigados devem responder pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público por funcionário do Estado), receptação majorada (de bem público), formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a 29 anos de reclusão.
A Caixa afirmou que acionou a polícia assim que a fraude foi percebida. O banco já bloqueou as contas e recuperou 70% do dinheiro.
O agente da PF Jorge Apolônio Martins disse que essa foi a quarta vez que o golpe foi aplicado no Brasil.
Em geral, o gerente da Caixa é cooptado pela quadrilha e confirma o recebimento do prêmio, transferindo o valor para a conta dos fraudadores.
A quadrilha está espalhada pelo Brasil, segundo a PF, que batizou a operação de Éskhara, nome que vem do grego e significa "escara", uma ferida que nunca se cura.