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Governo aceitou chantagem, diz ecologista

Para Mario Mantovani, Dilma cedeu à bancada ruralista e faz a 'pior gestão da história' para o meio ambiente

Diretor da SOS Mata Atlântica afirma que ONGs já falam com os pré-candidatos, assim como o agronegócio

RICARDO MENDONÇA DE SÃO PAULO

A gestão Dilma Rousseff é a pior da história para o meio ambiente. O agronegócio está cada vez melhor, mas sua representação segue atrasada. Marina Silva sofreu agressão na criação da Rede, só que não deveria ter ido ao PSB.

As opiniões são de um dos mais experientes e ativos ambientalistas do país, o geógrafo Mario Mantovani.

Diretor da SOS Mata Atlântica, ele atua como um "lobista da natureza" no meio político. Coordena a Frente Parlamentar Ambientalista e já conversa com os candidatos.

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Folha - O ex-ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, disse que o assédio de políticos ao agronegócio nunca foi tão forte. Como tem visto isso?
Mario Mantovani - Roberto tem razão quando fala do volume econômico. A situação do Brasil não é boa. O que está bombando são obras públicas e a construção. E esse dinheiro do agronegócio cresceu muito mesmo. O Brasil está cada vez melhor no agronegócio. É muito bom. Qual o problema? É que isso é commodity. O valor é decidido em Chicago, Nova York.

Mas e a política?
Quem está em Brasília vê que não é assim. Esse setor é o que mais tem voto de cabresto ainda. É o que vive de seus currais eleitorais. Esse pessoal sempre esteve ligado à política partidária. Mas era cada feudo para o seu lado. Agora o governo está vendo [o grupo] como uma grande força. Vem da luta do Código Florestal. Eles se mostraram muito mais eficientes para fazer política do que antes.

Como foi essa virada?
Os ruralistas acharam um governo que aceitou a chantagem. Isso se repetia: "Se não fizerem tal coisa, não vai ter comida". Mas o governo não entrava. Dizia: "pare de encher, quem está bancando vocês sou eu". Com crédito agrícola, R$ 150 bilhões hoje.

E quando mudou?
Quando precisou refazer a base após o mensalão. Qual o setor mais suscetível e que mais precisa do governo? É o agrícola. Sem crédito, não vai. Eles têm direito a isso [crédito]. Só que no Brasil não funciona assim. Conta quem é mais próximo do poder. Após o mensalão, o governo buscou os ruralistas. Até ali eles não tinham expressão.

O desmatamento voltou a crescer. Qual é a explicação?
É a prova da má gestão. Estou há 35 anos nisso. Eu digo: para o meio ambiente, este é o pior governo da história. Lula pelo menos incorporou, colocou a Marina, fez avanços, fez a lei da Mata Atlântica. Dilma passou o trator em tudo. Não tinha desmatamento porque tinha controle muito maior. E a projeção é de piora. Ela abriu todos os controles.

Dê exemplos.
O orçamento do ministério. É o pior. Como quer que o licenciamento trabalhe se não tem um técnico para análise? Acabou com as unidades de conservação, não fez mais. A PEC 215 (Proposta de Emenda à Constituição para envolver o Congresso em demarcação) nasceu dentro do governo. Belo Monte, do jeito que foi.

Vocês estiveram com o Aécio Neves, né? Como foi?
Sim. Vamos marcar com o [Eduardo] Campos e também com esse governo. Foi bom. Falamos dessas dificuldades. O ativo do PSDB é grande. A legislação ambiental foi quase toda feita pelo Fernando Henrique. Dissemos: "Vocês vão rasgar tudo isso por causa desse momento?"

Como ele reagiu?
Com preocupação. Aí nós metralhamos. O governo de Minas é o campeão da devastação na Mata Atlântica pelo quatro ano seguido.

O que ocorre por lá?
Carvão, a pior coisa do mundo. E com famílias trabalhando em fornos. É a coisa mais medieval que tem. O cara fala que vai fazer um programa ambiental e vem de um Estado que está liderando a devastação? O Pará, do PSDB, também é problemático.

Os ambientalistas também se surpreenderam com a filiação da Marina no PSB?
Também. Eu esperava que ela seguisse firme na Rede e não se entusiasmasse com essa eleição bola dividida. Acho que o que a deixou contrariada é que ocorreu uma baita sacanagem, né? Já tinham as assinaturas [para criar a Rede]. Você acha que o Partido Ecológico conseguiu? O Paulinho [para o Solidariedade]? Então acho que foi uma resposta a esse tipo de agressão. Mas não sei se ela terá tanto ganho quanto teve em 2010.


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