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Entrevista - Alexandre Padilha

PCC é uma criação dos 20 anos de governo do PSDB

Pré-candidato ao governo de SP, ex-ministro ataca política de segurança de Alckmin e defende gastos com publicidade

VALDO CRUZ JOHANNA NUBLAT DE BRASÍLIA

Em sua primeira entrevista após deixar o Ministério da Saúde para disputar o governo paulista, Alexandre Padilha (PT), 42, atacou a política de segurança do governo Geraldo Alckmin (PSDB): "O PCC é uma criação dos 20 anos do governo do PSDB".

Repetindo o que deve ser o mote de sua campanha --explicitar as duas décadas de poder tucano no Estado mais rico do país--, ele afirmou que "acabou a bateria" dos tucanos e que "falta coragem ao governo de São Paulo" para enfrentar a violência.

O ex-ministro, cujo nome foi lançado pelo ex-presidente Lula para a disputa do governo paulista, defendeu sua política de combate à Aids --criticada pelos movimentos sociais-- e disse que vai manter a posição da presidente Dilma, de não mexer na lei para liberar o aborto no país.

Sobre a cubana que deixou o programa Mais Médicos e pediu asilo, disse que os direitos individuais devem ser respeitados, mas afirmou que o acordo firmado com Cuba, por intermédio de um órgão da ONU, segue regras similares às de outros 60 países.

Folha - Onde está a origem de tanta violência em São Paulo, que atinge até o filho do governador Geraldo Alckmin?
Alexandre Padilha - Quando soube o que aconteceu com o filho do governador, eu quis prestar absoluta solidariedade a ele e sua família.
Agora, os grandes símbolos da violência em São Paulo são outros, não é o que aconteceu com o filho do governador. Mais de 500 carros são roubados por dia no Estado, 200 mil por ano. Temos uma situação muito clara de a administração penitenciária em São Paulo ser praticamente dominada por facções.
O desafio que o Estado tem, para as pessoas se sentirem mais seguras, é termos uma política de segurança pública que garanta uma polícia mais presente nas ruas nas áreas mais críticas, que opere cada vez com mais inteligência.
A população vive insegura. O sentimento das pessoas é de insegurança. E, nestes 20 anos, o que nós vimos foi a criação do PCC, em vez de o PSDB conseguir criar uma política de segurança, uma polícia mais presente, mais próxima da população, com ações cada vez mais inteligentes.
O PCC é uma criação dos 20 anos do governo do PSDB, não existia antes e hoje tem.

Para o sr. o PCC, organização criminosa que opera a partir dos presídios paulistas, é criação dos tucanos?
Foi uma criação no governo deles. Vinte anos atrás, quando assumiram o governo, não tinha PCC, agora tem. Falta coragem ao governo de São Paulo para enfrentar o que precisa ser enfrentado. Eu diria que, hoje, a bateria do PSDB de São Paulo acabou.

São Paulo enfrenta um problema na segurança, mas o Distrito Federal, governado pelo PT, tem situação semelhante. Não é uma questão nacional e não há omissão do governo federal em atuar com os Estados?
São Paulo tem um potencial que não pode ser comparado com nenhum outro Estado. Pelo seu potencial, tem de se comparar com as melhores práticas internacionais, inclusive na área de segurança. Além disso, o governo federal sempre deu demonstrações de oferecer cooperação com o Estado de São Paulo.

Será possível andar um dia em São Paulo com os vidros do carro abaixados?
Temos de perseguir isso. Quero falar de outra área, a educação. O Estado de São Paulo perdeu nestes 20 anos a oportunidade de se transformar numa Xangai, que é vista como a Província que tem os melhores resultados internacionais na educação. Por quê? Porque criou um plano com políticas duradouras, permitindo avanços na área de educação que São Paulo não teve neste período.
Antes de o PSDB assumir o governo, São Paulo estava em segundo lugar no ensino médio no país. Hoje está em oitavo lugar.

Em 2013, o Ministério da Saúde aumentou gastos com publicidade, inclusive do Mais Médicos. Era necessária tanta divulgação de um programa já conhecido? Esta publicidade não beneficia sua imagem?
É um programa que precisava de explicação e orientação para a população. Em nenhum momento fala do meu nome, não apresenta o ministro.

E a ONG do seu pai, que teve um convênio com o Ministério da Saúde? O sr. acabou suspendendo o convênio. Não foi uma forma de reconhecer que foi um descuido?
Qual foi minha decisão? Apesar de ter todo o processo legal, regular, orientação dos técnicos para fazer o convênio com a ONG, que é uma ONG histórica, para não gerar exploração política tomei a decisão de cancelar o convênio, antes de qualquer repasse de recursos.

O sr. deve fechar a meta de 13 mil médicos [para o Mais Médicos] com cerca de 75% deles sendo cubanos. Por que vocês não foram mais transparentes e reconheceram que o convênio com Cuba seria a alternativa, sabendo que os médicos brasileiros não iriam se inscrever?
Primeiro porque não tenho bola de cristal. Tenho capacidade de planejamento, de visão de futuro, era um problema que a gente apontava havia muito tempo. Muita gente dizia que os prefeitos não iam aderir ao programa, mas superou a expectativa.
Segundo, acreditamos que a forma como foi divulgado, convocado, chamado, era importante para não desestimular a participação dos médicos brasileiros.

O governo do PT foi tachado de conservador pelo Dirceu Greco, quando saiu da diretoria da Aids. O sr. foi criticado por não fazer campanhas que deveriam ser dirigidas para um público muito vulnerável ao HIV. Por que o sr. não teve essa postura reivindicada por esses grupos?
Primeiro lugar respeito as opiniões que as pessoas possam ter. Agora, como ministro da Saúde, tomei um conjunto de decisões sobre quais são as mensagens que o ministério tem de reproduzir.
Eu, por exemplo, não deixei o ministério ter uma campanha que fazia inferências sobre a felicidade ou não de uma profissional do sexo. Não cabe ao ministério fazer uma campanha para as profissionais do sexo felizes ou para as infelizes.


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