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Levantamento sugeriu que governo procurasse marca
Pesquisa de junho mostrou que governo é visto como continuidade de Lula
Após receber análise, presidente apostou em programas como o Mais Médicos e o Pronatec para ganhar identidade
A pesquisa qualitativa feita para avaliar os impactos das manifestações de junho sobre a imagem da administração Dilma Rousseff concluiu que "a marca do governo atual é a continuidade do governo anterior".
Ou seja, ao menos naquele período, os entrevistados em junho não viam marca própria na gestão dilmista.
Um exemplo do conflito no qual o governo se colocava após as manifestações apareceu também na pesquisa quantitativa da primeira semana de agosto.
A Copa foi a "ação do governo" mais lembrada, mas apenas com 9% de menções. Outros 49% não lembravam de nenhuma. Na semana seguinte, o Minha Casa Minha Vida foi o mais lembrado. De novo, 43% não lembraram de nenhuma ação do governo.
Não por acaso, nos meses seguintes, Dilma escalou sua equipe para reforçar bandeiras que dessem identidade à sua gestão. O programa Mais Médicos é fruto desse empenho, assim como o esforço para incensar o Pronatec, voltado ao ensino técnico.
"O assistencialismo, o crédito para aquisição da casa própria, o aumento do consumo e as melhorias na educação são vistos como manutenção das conquistas do governo passado. Essa continuidade do governo anterior cria a impressão de falta de marca atual", diz a pesquisa.
Segundo o relatório, a vantagem de uma imagem de continuidade é mostrar conquistas bem avaliadas da gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por outro lado, "se algo sai do rumo, a continuidade se traduz em falta de personalidade política."
A consequência dessa imagem, aponta a análise, "é a invisibilidade das ações de governo. Os entrevistados avaliam que o governo federal não sabe se comunicar com a população, pois utiliza uma linguagem distante de sua realidade, assumindo uma postura fria e inflexível."
Os grupos entrevistados dizem querer que o governo seja menos "duro e técnico", atributos sempre atribuídos à figura da própria presidente da República.
Em relação à Copa, as pesquisas dão sugestões para melhorar a comunicação institucional: "a comunicação deve ter somente um sujeito, o povo, nós, a sociedade, associados a coisas como união, festa, orgulho, autoestima".
Foi justamente esse o tom que foi sendo adotado de lá para cá, justamente após o Executivo se deparar com as sondagens encomendadas após as manifestações.
A pesquisa mostra ainda que o atual governo não é mal avaliado. Entretanto, boa parte dos grupos creditava no ano passado à era Lula, e não ao governo Dilma, as melhorias no dia a dia. (NATUZA NERY E FILIPE COUTINHO)