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Manifestante admite ter manuseado rojão que atingiu cinegrafista no Rio
Tatuador diz que repassou artefato e é indiciado pela polícia por suspeita de tentativa de homicídio
Flagrado em vídeo, rapaz de 22 anos já foi autuado por ameaça e dano ao patrimônio em outros dois protestos
O tatuador Fábio Raposo Barbosa, 22, admitiu ter manuseado o rojão que atingiu o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, 49, durante a manifestação da última quinta-feira no Rio.
Barbosa se apresentou à polícia na noite de anteontem e foi indiciado sob a acusação de tentativa de homicídio qualificado e explosão.
Ele usava camiseta cinza e bermuda preta no protesto, estava com o rosto encoberto e disse ter entregue o rojão para outro jovem, de calça jeans e camiseta cinza, que teria acendido o explosivo (e ainda não foi identificado).
"O artefato não era meu. No corre-corre, vi que um rapaz deixou uma bomba cair. Eu peguei e fiquei com aquilo na mão. Esse outro cara passou e disse: Passa aí para mim que eu vou e jogo'. Daí eu peguei e passei para ele. Não tive a intenção de machucar nenhum repórter", afirmou o jovem à TV Globo.
O delegado Maurício Luciano de Almeida e Silva disse que o tatuador foi indiciado sob suspeita pelos crimes porque contribuiu para que eles acontecessem ao passar o rojão para o outro rapaz.
O tatuador disse que não participa de nenhum grupo político. Para o delegado, ele é "contumaz na desordem durante as manifestações".
Barbosa tem duas passagens pela polícia por ameaça e dano ao patrimônio, ambas em protestos do ano passado.
"Ele nega a participação nesses grupos. Mas ele é investigado em inquérito por associação criminosa por crimes durante as manifestações", afirmou o delegado.
"Não vou para manifestações para quebrar coisas, bater em policial, jogar pedra, essas coisas", disse Barbosa.
O manifestante afirmou ter se apresentado à polícia após ser reconhecido em imagens do confronto que circularam na TV e na internet. Vídeo da TV Brasil mostra ele com o rojão na mão e andando lado a lado com o outro rapaz.
O delegado afirmou considerar "inverossímil" a informação de que Barbosa não conhecia o outro suspeito.
"Ele preparou uma versão com o advogado para se eximir de responsabilidade. As imagens mostram ele lado a lado com o outro", disse.
Barbosa afirmou que é tatuador independente e não está estudando agora, mas cursou contabilidade.
A Folha apurou que ele foi orientado por adeptos da tática "black bloc" a se apresentar à polícia porque eles consideravam que ele não seria responsabilizado.
O cinegrafista Santiago Andrade permanecia ontem em coma induzido no hospital municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, e seu estado de saúde continuava sendo considerado "muito grave".
Ele foi atingido perto da Central do Brasil, foco do protesto contra a alta de R$ 0,25 na tarifa de ônibus --para R$ 3, autorizada pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) e que começou a valer ontem.