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Comissão quer investigação por militares

Ideia do grupo que apura crimes da ditadura é obrigar Forças a apresentar nova versão sobre episódios do período

Colegiado tem pouco apoio dos militares, que vêm destacando oficiais para acompanhar os depoimentos

LUCAS FERRAZ DE SÃO PAULO

A Comissão Nacional da Verdade quer que as Forças Armadas investiguem os próprios crimes praticados durante a ditadura (1964-85).

A proposta, que será discutida hoje em reunião do colegiado em São Paulo, tem o objetivo de forçar os militares a apresentar nova versão sobre alguns episódios do período.

Diante dos empecilhos criados por Exército, Marinha e Aeronáutica nas investigações dos crimes de lesa humanidade, a decisão visa sobretudo constrangê-los.

Mas não só. A Folha apurou que a comissão quer dividir responsabilidades nas investigações, já que não terá todas as respostas sobre os crimes até o fim do ano, quando conclui seu trabalho.

A investigação militar, contudo, não anulará outras em curso, até porque espera-se pouca disposição das Forças Armadas em colaborar.

A comissão pretende ainda envolver militares na investigação do destino de arquivos das três Forças. Documentos revelam a existência de acervo desconhecido com ao menos 1,2 milhão de páginas, mas as Forças dizem não ter conhecimento dos papéis.

O argumento é que, como a comissão é ligada à Presidência da República, as Forças Armadas, por questão hierárquica, deveriam acatar o pedido de investigação.

Pedro Dallari, coordenador da comissão, não quis falar da proposta que, segundo ele, não tem procedência.

Desde que iniciou trabalhos, em 2012, a Comissão da Verdade tem encontrado pouco apoio dos militares, críticos da atuação do grupo por só olhar a ação do Estado.

Em encontro dos comissários com Dilma em maio de 2013, a presidente garantiu que militares não atrapalhariam as investigações. Ela teria chegado a brincar, dizendo que iria "tocar o rock do terror neles [militares]". Mas a animosidade não arrefeceu.

Militares da ativa vêm sendo destacados para acompanhar, às vezes fardados, depoimentos públicos e privados de militares da reserva convocados pela comissão.

No Rio, em 2013, o Comando Militar do Leste destacou o tenente-coronel André Luís para uma sessão que ouviu um militar da reserva acusado de crimes nos anos 1970.

O mesmo ocorreu no depoimento reservado que o general Álvaro Pinheiro prestou em novembro, no Rio. Pinheiro apareceu com 16 militares, da ativa e da reserva. E dois militares da reserva acompanharam o depoimento do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o antigo DOI-Codi paulista de 1970 a 74.

A Folha questionou o Ministério da Defesa sobre os acompanhamentos e sua motivação, mas a pasta afirmou que não se pronunciaria. O Exército não respondeu.


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