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Mensalão as prisões
Delator do mensalão tem prisão ordenada pelo STF
Roberto Jefferson é o 20º dos 25 condenados a ter a detenção decretada
Ex-presidente do PTB estava desde novembro à espera de resposta sobre pedido para cumprir pena em casa
Mais de três meses após as primeiras prisões do mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, determinou ontem que o delator do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), comece a cumprir sua pena na cadeia.
Apesar de condenado, ele continuava solto desde novembro, à espera de resposta sobre seu pedido de prisão domiciliar, agora negado. O ex-deputado retirou um tumor do pâncreas em 2012 e diz precisar tratar-se em casa.
Segundo a assessoria do STF, Jefferson cumprirá a pena no Rio de Janeiro, em um primeiro momento, e só será transferido para outro Estado caso isso seja requisitado e aprovado pela corte.
O ex-deputado foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a uma pena de sete anos e 14 dias de prisão em regime semiaberto, além do pagamento de R$ 720,8 mil em multas.
Seu advogado, Marcos Pinheiro de Lemos, disse que ele se entregaria à Polícia Federal assim que a defesa recebesse a ordem de prisão.
O autor da denúncia do mensalão estava em Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, e pretendia viajar para o Rio por conta própria, sem esperar a chegada da PF.
Mais tarde, a defesa foi avisada de que uma equipe da Polícia Federal já estaria a caminho de Levy Gasparian para entregar o mandado.
'SOFRIMENTO DANADO'
"Fiquei sabendo agora. Vou esperar a ordem de prisão para saber o que faço", afirmou Jefferson à Folha, instantes depois de Barbosa decretar sua prisão.
De acordo com seu advogado, o ex-deputado estava ansioso. "Por enquanto, não há ordem de prisão. Tendo o mandado, ele vai se apresentar à PF. Ele está ansioso. Essa história é um sofrimento danado", afirmou Lemes.
Por telefone, Jefferson disse a amigos que estava tranquilo e conformado com a decisão do STF. "Ele está sereno. Já estava aguardando a decisão. É um momento difícil na vida, mas ele está resignado", disse o presidente nacional do PTB, Benito Gama.
A defesa estuda como reapresentar o pedido de prisão domiciliar, já negada por Barbosa, com base no estado de saúde do ex-deputado.
Segundo Jefferson, a retirada do tumor deixou sua saúde frágil, demandando cuidados que não seriam viáveis dentro de uma prisão.
Em dezembro, porém, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, opinou, em parecer enviado ao Supremo, contra à prisão domiciliar.
No documento, Janot afirmou que recebeu informações da Secretaria de Administração Penitenciária do RJ de que há condições de Jefferson ter acompanhamento clínico e consultas periódicas com médicos oncologistas do sistema público, uma vez que ele é tratado pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer).
DELAÇÃO
Em entrevista à Folha em 2005, o então presidente do PTB revelou o esquema de compra de apoio político no Congresso, o maior escândalo do governo Lula.
Os ministros dos STF condenaram Jefferson, em 2012, por concluir que ele também recebeu dinheiro para votar a favor do governo. Ele nega.
O ex-deputado é o vigésimo dos 25 condenados no processo a ter a prisão decretada --os outros cinco tiveram a pena convertida em restrição de direitos, multas ou prestação de serviços ou ainda têm recursos a ser analisados.