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Janio de Freitas

Os terroristas

O Puma usado no atentado ao Riocentro foi roubado em SP e se tornou o carro do capitão Wilson Machado

A denúncia criminal dos generais e outros autores do ato terrorista do Riocentro, ocorrido em 1981, é suficiente para calar qualquer contestação de autoria e objetivos. Mas os quatro mosqueteiros que retomaram esse caso, como procuradores da República, ainda querem um ou outro complemento. Querem tudo. Podem então incluir em suas buscas adicionais um aspecto bastante ilustrativo de como agiam os terroristas acobertados pela farda, pelo enfeites nos ombros e pelos superiores.

O carro esporte Puma em que explodiu, antes da hora, a bomba levada pelo capitão Wilson Machado (hoje coronel reformado) e o sargento Guilherme Rosário, ferindo o oficial e matando o outro, tinha placa do Rio, OT-0297. Mas não era do Rio. É sempre citado como propriedade de Wilson Machado. E não era dele. Ou não era dele legalmente.

O registro verdadeiro do Puma era da cidade de São Paulo. Com outros números e letras. Era propriedade da dona de uma butique (como se chamavam, na época, as pequenas lojas da elegância). Foi roubado em São Paulo, recebeu no Rio placas enganadoras e se tornou o carro do capitão Wilson Machado.

A pesquisa nos Detrans do Rio e de São Paulo permitiria agora, por meio dos números de identificação colhidos pela perícia depois da explosão, chegar à confirmação do roubo e à dona do Puma, com sua história. Wilson Machado não era só capitão e terrorista.

Pelo menos outros quatro carros foram usados no plano de explodir o Riocentro a ser posto às escuras por outra bomba, com os 20 mil presentes no show de celebração ao Dia do Trabalho. Todos eram carros roubados. Roubar e apropriar-se de carros alheios foi comum entre militares e agentes do DOI-Codi, do SNI e de outros núcleos da repressão.

JANGO

A investigação aberta pelo Ministério Público da Argentina tem mais possibilidades de chegar a uma conclusão sobre a morte de João Goulart do que a investigação brasileira. Exceto quanto ao envenenamento, ou não, como causa pesquisada com a recente exumação.

Além de Jango ter sido vigiado sempre pelos "serviços" de lá, a decência e a coragem dos argentinos para desvendar seus segredos é infinitamente maior que a dos militares e agentes brasileiros. Graças a essa qualidade argentina, descobre-se, por exemplo, como efeito colateral de um velho pedido de vigilância sobre brasileiros em Buenos Aires, que um quartel do Exército no interior do Paraná teve papel relevante na perseguição a exilados brasileiros, inclusive a Jango.

Está com os argentinos a oportunidade de descobrir, afinal, o que é verdadeiro nos fartos relatos de Mario Neira Barreiro, ex-agente que se diz participante de uma operação de envenenamento de Jango. Quando dois jornais publicaram aqui, em dezembro, que Neira "vive no Rio Grande do Sul, em liberdade condicional", ele já vivia em Buenos Aires. Até já dera entrevista, explicando por que, posto na condicional, tratou de fugir, mas não para o Uruguai, seu país: "Na Argentina o nosso pessoal pode me dar melhores condições".

ÓBVIA

Não entendi a tira do Laerte de quarta-feira --e não digo que a culpa seja dele. Mas, antes que se difundam interpretações entre pessoas que não conheceram Millôr, amigos seus lembramos que ele, contrariamente ao que diz um personagem da tira, não era gay, não.


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