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Aliados convocam ministros para constranger Planalto

Na tentativa de conter crise na base, governo destrava reforma ministerial

Num só dia, deputados decidem chamar 10 dos 39 ministros e a presidente da Petrobras para falar na Câmara

DE BRASÍLIA

No dia em que sofreu a segunda derrota consecutiva imposta por sua base aliada, com convocações e convites para dez ministros se explicarem no Congresso, o Palácio do Planalto destravou a reforma ministerial, com convite a novos ministros, e se comprometeu a liberar verbas para tentar conter a rebelião.

Em menos de 48 horas, a Câmara dos Deputados contrariou o governo ao aprovar a criação de uma comissão para tratar de supostas irregularidades na Petrobras, e, ontem, conseguiu atingir a equipe ministerial da presidente Dilma Rousseff.

De uma só tacada e de forma possivelmente inédita --a Câmara não soube precisar esse dado ontem--, 10 dos 39 ministros foram convidados ou convocados por comissões da Câmara, em reuniões marcadas por bate-boca entre o PT e os aliados rebelados.

Com medo de ser derrotado no plenário, o governo também retirou da pauta de votação ontem o projeto do Marco Civil da Internet.

Mais uma vez, o motim contra o governo foi capitaneada pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), porta-voz das insatisfações.

Um dos ministros de Dilma, Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), foi convocado em três votações distintas. Os ministros serão instados, já a partir da próxima semana, a falar sobre ações de suas pastas e serão alvos da oposição, que insistirá em assuntos incômodos, como os apagões no setor elétrico e denúncias.

"Há um ambiente contaminado, a base não está acertada e a oposição está se valendo disso", lamentou o deputado José Guimarães (PT-CE) durante sessão da Comissão de Fiscalização e Controle.

Além de Carvalho, esta comissão aprovou ainda a convocação de outros quatro ministros: Manoel Dias (Trabalho), Jorge Hage (Controladoria-Geral) e Aguinaldo Ribeiro (Cidades).

Foi aprovado ainda convite para depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, e do ministro Arthur Chioro (Saúde). "É tanto ministro que a gente devia é convocar logo a presidente Dilma", ironizou o oposicionista Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A revolta na base de Dilma engrossou na véspera do Carnaval após o PMDB, maior partido da aliança dilmista, ter liderado a criação de um "blocão" de nove partidos para atuação conjunta.

Diante da escalada da crise, o governo, que até então vinha resistindo às pressões, recuou e reforçou ontem a promessa de contemplar os aliados com mais cargos federais, incluindo ministérios, além de vitaminar as verbas liberadas para as obras patrocinadas pelos congressistas.

Para agradar o PMDB, Dilma convidou Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, para para substituir Antonio Andrade (PMDB-MG).

A escolha dele é um aceno na direção dos peemedebistas da Câmara, inclusive Eduardo Cunha, que indicaram o secretário na cota dos deputados do PMDB.

Para a sucessão do deputado Gastão Vieira (MA) no Ministério do Turismo, outra cota dos deputados do PMDB, integrantes da Câmara afirmam que o governo convidou o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Ângelo Oswaldo Santos.

As indicações não foram confirmadas oficialmente pelo Planalto ontem.

Dilma concordou com o indicado do PP, Gilberto Occhi (vice-presidente da Caixa), para o Ministério das Cidades. Deve ser anunciado também um nome do Pros para Integração Nacional e a efetivação de Mauro Borges no Desenvolvimento. O PTB pode ganhar uma estatal.

O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) coordena as articulações para tentar esvaziar o "blocão".

Dos nove partidos iniciais, o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab abandonou os rebelados logo no início e, ontem, PP, Pros e PDT também voltaram atrás.

O vaivém dos partidos ficou claro na Comissão de Fiscalização, onde Cunha travou um embate com o líder da bancada do PP, o "ex-rebelado" Eduardo da Fonte (PE). Ambos insinuaram suspeitas de corrupção contra ministros do partido do outro.


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