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Para FHC, governo é 'autoritário' e impõe agenda da ditadura

Ex-presidente tucano usou a crise entre Planalto e sua base aliada na Câmara para fazer duras críticas à gestão de Dilma

Em evento sobre o Real, economistas ligados ao PSDB e a Marina apontaram falhas na política econômica

DE SÃO PAULO

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) usou a crise na base aliada do governo no Congresso Nacional como mote para o ataque mais duro que já fez à gestão de Dilma Rousseff.

Segundo o tucano, o governo da petista toma decisões "à revelia da sociedade e do Congresso". FHC disse ainda que a administração Dilma esvaziou o debate público e levou a agenda política "a ser como no regime militar".

"É necessária uma radicalização da democracia. E isso implica uma revisão do Estado, porque esse Estado não é democrático. É autoritário. Há eleições, há liberdade de expressão, mas o processo de tomada de decisão se faz à margem do Congresso e da sociedade", afirmou.

As declarações foram dadas durante debate sobre os 20 anos do Plano Real. O evento reuniu os principais idealizadores do plano e alguns dos economistas mais renomados do país. Cerca de 250 pessoas foram ao evento.

Entre os palestrantes estavam economistas que ajudam a formular propostas das duas principais candidaturas de oposição à Dilma: a do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a do governador Eduardo Campos (PSB-PE).

FHC é o principal fiador da campanha do mineiro. "O Congresso perdeu sua voz política e agora está dizendo eu existo'", disse o ex-presidente, questionado sobre a crise na base aliada do governo.

"Não temos coalizão. O que temos é cooptação. Não estão brigando por um projeto, mas por espaço. O resultado é o esvaziamento da agenda pública", sustentou. "A agenda voltou a ser como no regime militar: projetos de impacto, feitos dentro do gabinete para surpreender a sociedade", concluiu FHC.

Enquanto o ex-presidente falava sobre o Congresso, os economistas criticavam a política econômica do governo.

Ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga atacou a manipulação de preços para tentar conter a inflação. Ele disse que o controle do preço dos combustíveis, por exemplo, é "um crime econômico e ambiental".

Pedro Malan citou as privatizações, que, paralisadas por anos, teriam causado prejuízos. Gustavo Franco, Eduardo Giannetti da Fonseca e Pérsio Arida criticaram o direcionamento de subsídios a empresários, via BNDES.

"A elite dos empresários, que recebe bolsa BNDES', não critica o governo porque depende dos seus favores", disse Giannetti. Ele é ligado à ex-senadora Marina Silva, cotada para vice de Campos.

Ao fim do evento, FHC disse convocar os presentes a "transformar em prática o que ouvimos aqui". "É falsa a ideia de que não há alternativas. Já tem outro caminho. É preciso simplesmente que cada um esteja imbuído dele. Tem que ter convicção, sobretudo a liderança política. Quando não tem convicção não passa nada", encerrou.

A caminho da saída, FHC foi abordado por um ouvinte que o parabenizou pelo discurso e disse: "agora o senhor só precisa avisar ao Aécio [Neves, pré-candidato tucano à Presidência] que nós temos essa agenda", concluiu o ouvinte. O ex-presente ouviu calado e seguiu em frente.


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