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Janio de Freitas

Poços de silêncio

A menção a relatórios ilusórios vem expor uma conduta inaceitável do governo e da Petrobras

A resposta de Dilma Rousseff não está sujeita a contestações, até agora e, tudo sugere, também no futuro: a aprovação da compra, que se revelou catastrófica e suspeitíssima, de uma refinaria nos Estados Unidos foi aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, presidido pela então ministra, em razão de relatórios incorretos, produzidos na própria estatal. Mas a resposta suscita outras perguntas.

O comando do conselho por Dilma, na época do negócio, recebeu relevo agora apesar de ter sido público e objeto de notícias em diferentes ocasiões. Por aí, nada de novo. Já a menção a relatórios ilusórios vem expor uma conduta inaceitável do governo e da Petrobras: por que o silêncio, até aqui, sobre esse e sobre os demais aspectos já constatados do negócio, não importa se negativos ou positivos? O que houve não foi a compra e não foi a perda de uns quantos milhões, em um negócio infeliz, mas uma aquisição bilionária com perda idem. Não é assunto para silêncio algum.

O que consta sobre a autoria dos relatórios perturbadores é o inverso do esperável em casos do gênero: elevação na hierarquia da estatal. Se é assim, por que é? O presidente da Petrobras à época, o Sérgio Gabrielli de presunçosos ares, obteve um tipo de corroboração muito sugestivo, na Bahia, para o desprezo com que tem tratado sua dívida de explicações públicas: ganhou o cargo de secretário de Planejamento do governo petista de Jaques Wagner. E, claro, inclui-se nos pretensos aspirantes a tornar-se governador. Aliás, em se tratando das eleições baianas, Salve a Bahia, Senhor.

O recente caso do suborno de funcionários da Petrobras, ora investigado na Holanda, recebe da estatal tratamento também impróprio quanto aos seus deveres públicos. Só mandou um funcionário à Holanda porque convidada a fazê-lo pela própria empresa SBM, que investiga a denúncia de subornos feita por um ex-funcionário. A SBM proporcionou todas as informações já disponíveis, sobre a destinação de US$ 136 milhões para facilitar sete grandes contratos, mas nada foi explicado pela Petrobras sobre o material recebido.

Nos dois casos, a conveniência de sigilo é falsa. Os participantes das ações questionadas não têm mais como manobrar com possíveis pistas e provas.

NÃO ELEITORAL

Sem ser jornalista profissional, o economista Paul Krugman, Nobel de 2008, há anos é a palavra mais importante no jornalismo americano. Tanto no que se refere à política interna como à internacional, a numerosos países e, claro, à economia em todos os sentidos. A proporção de acerto das suas percepções e ponderações impressiona, e é única hoje em dia.

Por alguma razão, ou, mais provável, por várias, sua participação no "Fórum Brasil: diálogos para o futuro", realizado pela "Carta Capital", não provocou nos jornais, tevês e rádios o desejo de dar-lhe o destaque das coisas importantes ou interessantes. Por exemplo:

"Há um bom tempo o Brasil não é mais um país tão vulnerável, e o que aconteceu (ao real) foi uma depreciação benigna. Sim, houve um aumento da inflação, mas não há descontrole. E disciplina fiscal e dívida externa não são mais fatores importantes, como no passado".

Ou: "Desta vez, a América Latina e o Brasil conduziram-se muito bem na crise [da economia americana e dos efeitos que os problemas americanos produziam na América Latina, e desta vez produziram na Europa].

Parece com a multidão de opiniões que jornais, rádios e tevês lançam sobre o país todos os dias, em todas as horas, por seus comentaristas de economia? Calma, não generalizo. Há ressalva: uma.


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