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Coronel que ocultou ossos de Paiva vai depor

Comissão da Verdade convocará militar que admitiu ter ajudado a dar uma 'solução final' à ossada de deputado

Paulo Malhães assumiu participação no caso em entrevista ao jornal 'O Dia'; assassinato foi cometido em 1971

DO RIO

A Comissão Nacional da Verdade convocará o coronel reformado Paulo Malhães, 76, para depor sobre a operação secreta que escondeu os restos mortais do ex-deputado Rubens Paiva, morto em 1971 pela ditadura militar.

Ele disse ao jornal carioca "O Dia" que o Exército o encarregou, dois anos depois, de desenterrar e dar uma "solução final" à ossada.

Esta é a primeira vez que um militar assume ter ajudado a ocultar os restos mortais do ex-deputado.

"A morte de Rubens Paiva é um caso icônico dos desaparecimentos na ditadura. Sua família já está lutando há muitos anos pelo desfecho dessa história", afirmou a advogada Rosa Cardoso, integrante da comissão da verdade,à Folha.

Na entrevista ao "O Dia", o coronel disse que o corpo do ex-deputado foi enterrado inicialmente no Alto da Boa Vista, na zona norte do Rio. Depois, teria sido exumado e levado para o Recreio dos Bandeirantes (zona oeste).

"Recebi a missão para resolver o problema, que não seria enterrar de novo. Procuramos até que se achou [o corpo]. Foi um sufoco para achar. Aí seguiu o destino normal", contou Malhães.

O militar não revelou o destino que sua equipe deu ao cadáver. "Pode ser que tenha ido para o mar. Pode ser que tenha ido para o rio", disse.

Ainda segundo o relato, teriam participado da operação o coronel reformado José Brant Teixeira e os sargentos Iracy Pedro Interaminense Corrêa e Jairo de Canaan Cony (já falecido).

Rubens Paiva foi preso em sua casa em 20 de janeiro de 1971. Segundo relatos de presos políticos e militares, sofreu torturas numa base da Aeronáutica no aeroporto Santos Dumont e na sede do DOI-Codi, na Tijuca (zona norte), onde morreu.

O governo federal só reconheceu a responsabilidade do Exército pela morte em 1995, na gestão FHC.

No mês passado, a Comissão Nacional da Verdade acusou dois militares de participação na morte: o general reformado José Antonio Nogueira Belham, 79, e o tenente Antônio Fernando Hughes de Carvalho, já falecido.

Belham nega envolvimento no caso. Ele sustenta que estava fora do DOI-Codi quando Paiva foi preso. Anteontem, três comissões da Câmara aprovaram convite para ouvi-lo. O general não é obrigado a comparecer.

O assassinato de Paiva foi lembrado na sessão que promulgou a Constituinte, em 1988, por Ulysses Guimarães.


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