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Vice da Câmara agora diz que doleiro pagou viagem

Deputado afirma que tentou, mas não conseguiu reembolsar gasto com jatinho

Para André Vargas, amigo investigado por suspeita de lavagem de dinheiro era apenas um empresário conhecido

ANDRÉIA SADI DE BRASÍLIA

O vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), mudou sua versão e reconheceu ontem ter viajado de graça em um jatinho cedido pelo doleiro Alberto Youssef, investigado pela Polícia Federal sob suspeita de participação num esquema bilionário de lavagem de dinheiro.

Ontem, a Folha revelou que o doleiro havia emprestado a aeronave para o petista viajar de Londrina (PR) a João Pessoa (PB) durante as férias parlamentares de janeiro. O deputado levou mais sete pessoas no Learjet 45.

Na segunda, Vargas disse pediu o avião porque voos comerciais estavam muito caros no período, mas que pagou o combustível. Ontem, afirmou que só aceitou embarcar porque imaginava se tratar de uma ''carona''.

Segundo ele, quando soube que era um frete exclusivo, pediu à sua secretária para reembolsar Youssef das despesas de combustível, estimadas por ele em R$ 20 mil.

"Entretanto, a proposta de reembolso foi negada", afirma sua assessoria em nota, acrescentando que o deputado teria sido informado dessa recusa somente ontem.

Um voo de Londrina para João Pessoa, em um jato de versão inferior, um Learjet 35, custa cerca de R$ 110 mil, com combustível, segundo consulta feita pela reportagem à Líder Aviação, empresa especializada em fretamentos.

A viagem de férias de Vargas foi discutida numa conversa entre ele e Youssef no dia 2 de janeiro, por meio de mensagens de texto interceptadas pela PF.

Vargas diz conhecer o doleiro há 20 anos, e que Youssef, que está preso, é um empresário conhecido em Londrina, onde ambos vivem.

"O que aconteceu comigo poderia ter acontecido a qualquer homem público. Eu imaginei que ele tivesse aprendido a lição pois a Justiça o tratou como herói quando ele fez delação premiada", disse.

Youssef foi preso em 2003, nas investigações sobre o Banestado, que apurou remessas ilegais de US$ 30 bilhões entre 1990 e 2000. Na época, ele fez um acordo de delação premiada, pagou multa de R$ 1 milhão e obteve perdão por entregar clientes à PF.

Exercendo o segundo mandato como deputado federal, Vargas era um dos cotados para disputar a Presidência da Câmara pelo PT em 2015. Ele se destacou nos últimos meses pela defesa, no Congresso, de petistas condenados por seu envolvimento com o escândalo do mensalão.

Em outra conversa captada pela PF, Vargas e Youssef discutem um assunto de interesse do doleiro no Ministério da Saúde. A transcrição não deixa claro qual era o assunto, mas a PF concluiu que o petista e o doleiro tinham um objetivo comum na pasta.

Esse interesse giraria em torno da Labogen, empresa que, segundo a PF, foi usada por Youssef para remeter U$ 37 milhões ao exterior.

A Labogen havia firmado acordo com a pasta para que um medicamento fosse produzido por laboratórios públicos, em dezembro. A parceria, porém, foi suspensa após o ministério ser informado sobre a investigação.

Segundo a PF, Vargas disse a Youssef ter conversado com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta, Carlos Gadelha.

Vargas nega qualquer contato com Gadelha, e diz que o doleiro o procurou para saber como funcionavam as parcerias com a pasta. O ministério diz que Gadelha nunca tratou do assunto com o deputado.

A oposição na Câmara disse ontem esperar que Vargas dê explicações ao Conselho de Ética da Casa.


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