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Poder

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Janio de Freitas

O poder de presente

Sete vices tornam-se os mais altos mandatários em seus Estados graças a votos dados a outros

Legais, sim; legítimos, não. Assim serão os governos do Rio e de Minas, e de mais cinco Estados, cujos governadores eleitos passaram seus cargos aos vices, como condição para se candidatarem a outros cargos.

Os que vão governar integraram chapas e tornaram-se vices por indicações originárias de conchavos políticos ou, não propriamente raros, financeiros. Tornam-se, durante nove meses, os mais altos mandatários em seus Estados graças a votos dados a outros, os cabeças de chapa.

A mesma incoerência que gerou os suplentes de senadores, no regime em que a representatividade é concedida ao Executivo e ao Legislativo por eleição direta, vai ainda mais longe no caso dos governadores sem voto. Quem lhes passou os cargos precisou renunciar para concorrer a outra função, mas os governadores sem voto podem candidatar-se, nas mesmas eleições, sem sair do cargo.

Candidato a governador já instalado nos poderes de governador significa, sempre, um desequilíbrio nas condições dos concorrentes. E completa a perda da legitimidade democrática da eleição. A depender do resultado, também a do governo.

RIO QUE CORRE

A afirmação de que Sérgio Cabral deixou o governo para concorrer ao Senado é uma falsa certeza. O provável, por ora, é que não se candidate. Cabral há bastante tempo mostra-se entediado da política. E as sondagens eleitorais e avaliações políticas não o estimulam. É impossível saber qual dos fatores, entre o pessoal e as circunstâncias, é mais forte na sua provável desistência.

O governo de Cabral é pouco conhecido. Foi quase nenhuma a propaganda de suas obras e demais realizações. Com isso, está transferida ao governo a imagem que Cabral se fabricou, na conduta de desprezo pela opinião pública. Mas o PMDB é forte no Estado do Rio e o governo terá o que mostrar na campanha eleitoral, além dos êxitos, só negáveis por má-fé, da política de segurança pública desenvolvida por José Mariano Beltrame com o apoio absoluto de Cabral.

Daí a perspectiva de uma disputa interessante. Agora governador, o pouco conhecido Luiz Fernando Pezão, gestor das obras do governo, encontra condições partidárias e administrativas para uma campanha eficiente. De outra parte, pela primeira vez em muitas eleições o PT, com o senador Lindbergh Farias, parece capaz de mobilizar parte expressiva do eleitorado, sobretudo se Lula e Dilma Rousseff fizerem presença na duas campanhas, PMDB e PT. Entre um lado e outro, a multidão ainda dividida dos evangélicos.

DOIS LIVROS

Lançado no 31 de março, posso recomendar ainda sem o ter lido: "1964 na Visão do Ministro do Trabalho de João Goulart". Seu autor, Almino Affonso, foi um dos mais originais participantes daquele período. Inteligência brilhante, firmeza nas convicções e nas atitudes, não se deixou levar pela política fácil oferecida no Ministério do Trabalho, nem aceitou a atração do poder pelo poder.

Volta "Todos os Homens do Presidente", relato da "investigação jornalística mais famosa da história". Os repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward merecem o reconhecimento recebido, mas, a meu ver, o grande espetáculo que o caso oferece é a batalha, no "Washington Post", pela aliança do jornalismo destemido com o rigor sem concessão a meias informações e às formas fáceis de sedução do leitor.


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