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Cotidiano - em cima da hora

Traficante 'queima' estoque antes de operação na Maré

Complexo de favelas no Rio foi ocupado pacificamente pelo Exército e pela Marinha na manhã de ontem

Papelotes de cocaína, crack e maconha, vendidos a R$ 5 cada um, estavam no chão de uma das favelas

MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO

Às 6h45, quando militares do Exército e da Marinha iniciaram a ocupação do complexo de favelas da Maré, zona norte do Rio, era possível ver no chão de uma das 15 comunidades, o Parque União, papelotes de maconha, cocaína e crack. Todos a R$ 5.

Segundo a Folha apurou, a madrugada que antecedeu a ocupação militar foi marcada por uma espécie de "queima de estoque" de traficantes do Comando Vermelho, que venderam a droga mais barato do que o habitual.

A tropa de 2.500 militares, sendo 2.050 paraquedistas e 450 fuzileiros navais, e mais 200 PMs, ficará no local pelo menos até 31 de julho, segundo acordo entre os governos federal e do Rio.

Nas mãos, fuzis e filmadoras. Cada tropa com dez paraquedistas era acompanhada por um militar. Alguns traziam o equipamento preso ao capacete. A medida repetia prática usada há quatro anos no complexo do Alemão.

Para evitar reclamações de abusos, cada abordagem era filmada. Assim, os militares esperam conter denúncias de excessos na abordagem.

Mas nenhum deles trazia a identificação na farda. Até o fim da manhã, nenhum problema havia sido registrado.

Moradores se diziam confiantes com a ocupação, mas preferiram não se identificar. Pareciam temer a onda de boatos no complexo.

Com a ocupação na semana passada por policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do Batalhão de Choque --que deixaram o complexo ontem-- circulam histórias de que moradores que apoiaram a ação policial teriam sofrido agressões.

Nas redes sociais, moradores relatam que um menor teve as pernas quebradas por estar junto aos PMs no hasteamento da bandeira.

Em 12 blindados da Marinha e a pé, a tropa ocupou todos os acessos da favela a partir das 5h30. Quando veio a ordem para o início da operação, ela ocorreu sem resistência e sem disparos.

GATO E RATO

Com os acessos ocupados, o complexo dominado por três facções criminosas (Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e milicianos) tinha militares a cada esquina. Moradores que deixavam as comunidades em carros e motos eram revistados.

Paraquedistas e fuzileiros dizem que os chefes do tráfico na região e as armas não estão na Maré. Militares que participaram da ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, em 2010, e que estavam ontem na Maré, dizem que agora começa a "operação gato e rato".

Segundo eles, o tráfico troca o fuzil pelos telefones ou rádios. O consumo de drogas deixa as ruas da favela e passa a ocorrer dentro das casas.

A ocupação militar auxilia o governo do Rio em sua política de segurança. A presença militar antecipa a implantação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) disse que um pacote de serviços públicos chegará à Maré nos próximos dias, como uma escola de ensino médio diurna.


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