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Ligação com doleiro leva petista a pedir licença da Câmara

Vargas ficará 60 dias afastado das funções de deputado e vice-presidente da Casa; oposição quer investigá-lo

PF suspeita que petista e doleiro Yousseff, preso na operação Lava Jato, sejam sócios em um laboratório

ANDRÉIA SADI MARIANA HAUBERT DE BRASÍLIA

Após a revelação de suas ligações com o doleiro Alberto Youssef, alvo de operação da Polícia Federal, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), se disse ontem vítima de um "massacre midiático" e pediu licença do cargo de deputado --o que, consequentemente, também o afasta provisoriamente da função que ocupava na Mesa Diretora da Casa.

A licença, de 60 dias e não remunerada, vem na esteira da divulgação de diálogos seus com o doleiro, apontado pela PF na Operação Lava Jato como um dos chefes de um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.

Na semana passada, a Folha revelou que o deputado pediu a Youssef um jatinho emprestado para passar as férias com a família em João Pessoa, na Paraíba. Da tribuna da Câmara, ele disse que o pedido foi imprudente'' e reconheceu que conhece o doleiro há 20 anos. Negou, no entanto, relações com eventuais atos ilícitos de Youssef.

A revista "Veja" mostrou outras mensagens interceptadas pela PF em que Vargas prometia ajudar o doleiro. "Acredite em mim. Você vai ver o quanto isso vai valer. Tua independência financeira e nossa também, é claro", dizia uma delas, enviada por Youssef.

Uma das hipóteses da PF é que o deputado e o doleiro sejam sócios num laboratório chamado Labogen.

Ontem, após se licenciar, Vargas afirmou em carta que seu afastamento é uma forma de preservar a Câmara.

"Importante ressaltar que André Vargas não é alvo de nenhuma investigação e não foi comunicado oficialmente acerca dos temas tratados pela imprensa", diz a nota.

Horas depois, a Justiça federal no Paraná decidiu remeter para o Supremo Tribunal Federal --responsável por processar criminalmente congressistas--a parte da investigação da Operação Lava Jato que contém diálogos e mensagens do deputado.

Durante a licença, Vargas não receberá o salário de R$ 26.723,13 e demais verbas da função. Ele terá de exonerar todos os servidores de seu gabinete, que ficará fechado no período de afastamento.

Segundo a Folha apurou, pesou na decisão do deputado apelos de familiares para que ele se afastasse e, assim, saísse dos holofotes.

Vargas, conhecido por críticas ao STF durante o julgamento do mensalão e pela defesa dos petistas condenados, não contou com apoio explícito de dirigentes da legenda.

Parlamentares governistas defenderam nos bastidores a licença do petista temendo que a crise contaminasse o período eleitoral. No Planalto, de acordo com assessores, a sensação foi de alívio'' pela decisão do deputado.

O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), minimizou o tema e disse que o PT confia em Vargas. "A nossa primeira ação é de respeito e confiança absoluta no nosso colega até que provem o contrário", disse Vicentinho, que afirmou esperar que "a verdade venha à tona" após todos serem ouvidos.

CONSELHO DE ÉTICA

Os partidos de oposição na Câmara ingressaram ontem com um pedido de investigação no Conselho de Ética contra Vargas. O colegiado terá 90 dias para analisar o caso.

Em outra frente, o PSOL teve aceito pela Câmara pedido de abertura de investigação pela Corregedoria da Casa. Nos dois casos, a punição máxima prevista é a cassação do mandato, o que só ocorre com voto de ao menos 257 dos 513 deputados.


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