Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Janio de Freitas

O começo de um passo

Dificuldades dos partidos para tratar seus acusados revelam que a decência é um valor menor na política

A dificuldade dos partidos de adotar as medidas adequadas quando denúncias atingem um dos seus --como se dá com o PT do deputado André Vargas e com o PSDB da corrupção no metrô e nos trens paulistas-- é uma confissão de que, mesmo para os não corruptos, a decência é um valor menor do que a conveniência na política brasileira.

Nesse sentido, a providência do novo líder petista na Câmara, deputado Vicentinho, de convocar a bancada para discutir uma posição relativa a André Vargas, e eventualmente cobrá-la, é um passo com significação ética. Mas só ganhará sentido pleno se levar a um segundo movimento: dispensar o falso pretexto, que ainda se impôs, e criar um princípio. Quem sabe até capaz de inspirar um ou outro partido.

Embora parte da bancada já chegasse a desejar, mais do que a renúncia de André Vargas à vice-presidência da Câmara, sua licença ou mesmo renúncia ao mandato, a reunião foi convocada com o subterfúgio de sugerir-lhe uma "licença da Câmara para cuidar melhor da sua defesa". Para tal sugestão, uma conversinha bastaria, tanto ao deputado como aos seus colegas.

A bancada não incorreria em julgamento precipitado se tivesse a mesma atitude, porém com outra motivação: o princípio de que denúncias a seu ver graves, contra qualquer integrante do partido, devem implicar seu afastamento até a desejada comprovação da inocência. Se comprovada, prestem-se as homenagens reparadoras ao vitimado por acusação injusta e, sendo o caso, que os acusadores respondam na Justiça.

Pois é, uma regra mínima e simples de decência pessoal e partidária, mas tão difícil para os partidos brasileiros e seus governadores e parlamentares. Mas não sem motivo.

CONCORRÊNCIA

A inversão, pela PM do Pará, do seu papel nas interdições de rodovias a título de protesto, eleva o descontrole --ou a impossibilidade de controle-- das manifestações exacerbadas que se espalham pelo país. Quando os PMs bloquearam a rodovia federal BR-316, em protesto contra aumento salarial de 110% parcelado até 2018, nem sequer cederam ao pedido do comandante da corporação para devolver os carros da própria polícia usados na manifestação. Nenhum temor do acúmulo de insubordinações.

Tudo no Brasil encontra campo para se alastrar. Logo, em breve será preciso chamar os atuais incendiários de pneus nas estradas para retirarem os bloqueios de PMs manifestantes. Nisso, talvez descubram, afinal, que um lado e outro não diferem tanto.

EM CAMPANHA

O Conselho Federal de Medicina não precisaria fazer campanha publicitária para defender os médicos, como informou nota de Mônica Bergamo, de acusações de "elitismo" por oposição ao programa Mais Médicos. Nem a população ignora "o estado da saúde no Brasil", nem o conceito dos médicos foi diminuído. A oposição ao programa não foi da classe médica.

O conselho está levado a parecer cada vez mais com entidade política, isso sim. E extremada. A conotação eleitoral é a visão que mais se oferece nessa campanha da direção do CFM.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página