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Lula diz que julgamento do mensalão foi político

Decisão do STF foi "80% política", afirma petista a rede de TV portuguesa

Ex-presidente opina pela primeira vez sobre o resultado do processo que levou ex-dirigentes do seu partido à prisão

DE SÃO PAULO

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou o julgamento do mensalão como político em uma entrevista a uma rede de televisão portuguesa, na qual pela primeira vez opinou sobre o desfecho do processo que levou três ex-dirigentes do PT à prisão no fim do ano passado.

"O tempo vai se encarregar de provar que o mensalão teve 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica", disse Lula na entrevista, concedida na sexta em Lisboa e veiculada pela RTP no sábado.

Desde que o julgamento foi concluído, Lula evitou se manifestar sobre o seu resultado. O ex-presidente repetiu em várias ocasiões que não gostaria de analisar a decisão e que preferia deixar o tempo passar para entender melhor o que ocorreu em seu governo e no julgamento.

Lula evitou se aprofundar no assunto na entrevista à RTP, mas, ao caracterizar o julgamento como essencialmente político, pela primeira vez expressou concordância com a opinião corrente no PT. "O que eu acho é que não houve mensalão", afirmou.

"Não vou ficar discutindo decisão da suprema corte. Só acho que essa história vai ser recontada", acrescentou. Para ele, o processo "foi um massacre que visava destruir o PT, e não conseguiram".

Quando a jornalista Cristina Esteves interrompeu-o para lembrar que pessoas de sua confiança foram condenadas no caso, Lula reagiu: "Não se trata de gente da minha confiança. Tem companheiros do PT presos, eu indiquei seis pessoas da Suprema Corte que julgaram e acho que cada um cumpre com seu papel".

"O que é importante é que, quando uma pessoa é honesta e decente, elas enxergam é nos olhos. Não adianta dizer que o Lula pratica qualquer ato ilícito, porque o povo me conhece", afirmou.

O STF concluiu que o mensalão foi um esquema de corrupção organizado pelo PT para comprar apoio político no Congresso no início do governo Lula, desviando recursos públicos e de empréstimos bancários para partidos que se aliaram aos petistas.

O ex-ministro José Dirceu, homem forte do novo governo logo após a chegada de Lula ao poder, o ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares foram condenados em 2012 por sua participação no esquema e estão presos em Brasília.

Na entrevista à RTP, o ex-presidente reafirmou sua intenção de não concorrer a nenhum cargo nas eleições deste ano e o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff. "Em política, a gente nunca pode dizer não. Mas eu acho que eu já cumpri com a minha tarefa no Brasil", disse. "Não vou ser candidato."

Indagado sobre seu futuro, Lula afirmou que continuará fazendo política mesmo sem ocupar nenhum cargo político: "Vou para a rua fazer campanha para a Dilma. Eu quero ser importante pela minha capacidade de trabalho. Eu não preciso de cargo. Eu vou fazer política".

Lula, que há um mês reconheceu que a economia brasileira atravessa uma fase difícil e cobrou de Dilma medidas para melhorá-la, rebateu na entrevista à RTP os críticos da política econômica executada por sua sucessora.

"Acho engraçado algumas revistas estrangeiras publicarem que o Brasil não está bem", afirmou. "Em se tratando de responsabilidade fiscal e de macroeconomia, não tem nenhum país melhor que o Brasil. [O milagre econômico] vai se manter e o Brasil vai continuar crescendo."


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