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Entrevista - Eduardo Campos

Campos fala em reduzir meta de inflação para 3%

PRÉ-CANDIDATO DO PSB À PRESIDÊNCIA DEFENDE TAXA EM 4% EM 2016 E ACHA POSSÍVEL REDUZI-LA A 3% ATÉ 2019

FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA

O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, 48, detalhou a trajetória que deseja para a inflação no Brasil caso venha a ser eleito. Em 2015, manteria a meta em 4,5% ao ano. Nos três anos seguintes, forçaria uma queda para 4%, terminando o mandato sinalizando um percentual de 3%.

Em entrevista à Folha e ao UOL, o ex-governador de Pernambuco afirmou que a meta de inflação de 3% seria fixada oficialmente para 2019. A definição desse percentual é responsabilidade do CMN (Conselho Monetário Nacional), formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central, e ocorre sempre com dois anos de antecedência.

Campos detalhou também sua proposta sobre independência do Banco Central. Se eleito, pretende patrocinar a aprovação de uma lei que dê mandato de três anos ao presidente do BC, período em que ele não poderia ser demitido. Ao final, seria permitida apenas uma recondução.

O reajuste das tarifas de energia e combustíveis, represadas no atual governo, seria feito em até três anos, de maneira gradual, para não causar um impacto muito grande sobre a inflação.

Numa eventual gestão de Campos, ele promete manter a política de reajuste acima da inflação para o salário mínimo. O número de ministérios cairá de 39 para "15 a 20". Agências reguladoras teriam diretores escolhidos com a ajuda de recrutadores profissionais. O Bolsa Família seria ampliado e teria algum reajuste no valor do benefício.

Campos diz ser a favor de manter a atual legislação sobre aborto, sem ampliar as circunstâncias em que ele é permitido. É contra reduzir a maioridade penal e não quer descriminalizar a maconha.

A seguir, trechos da entrevista, gravada na terça-feira:

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INFLAÇÃO

Defende "4% de meta de inflação para chegar até 2018". Diz ter "compromisso com o centro da meta e não com o teto" para "olhar para, a partir de 2018, um novo centro da meta, em torno de 3%, para 2019".

TARIFAS DE LUZ E GASOLINA

"Temos que definir uma regra clara sobre esses preços para que o governo não fique com a capacidade de meter a mão. Vamos fazer um processo de médio e longo prazo. [Vai durar] mais de um ano e menos de três até corrigir tudo."

BANCO CENTRAL

"O BC deve ter independência administrativa, por meio de uma lei". Ele diz que não há divergências sobre o tema entre ele e sua companheira de chapa, a ex-senadora Marina Silva. "Temos um consenso de que no nosso governo teremos uma direção do Banco Central com autonomia administrativa para cumprir a meta de inflação. O mandato do presidente do BC seria [de] três anos". Ele poderia ser reconduzido? "Por uma vez. A partir daí, não coincide com o mandato do [chefe do] Executivo."

NÚMERO DE MINISTÉRIOS

"Entre 15 e 20. É possível conceber um modelo de gestão que tenha transparência e metas. Formar uma equipe com pessoas sérias, capazes, competentes, que sejam líderes que inspirem as equipes, e não essa partilha de colocar no ministério alguém que foi indicado só porque o partido A' está fazendo bloqueio da votação no Congresso."

REFORMA POLÍTICA

"Mandato de cinco anos sem reeleição e coincidência dos mandatos."

SARNEY

Sobre o senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), um dos principais aliados do governo no Congresso: "Vamos tirar da base do governo, depois de 30 anos, aquelas figurinhas que estão lá e que precisam ir para a oposição para surgir uma nova prática política. Não imagine que as urnas, em 2014, não vão fazer parte da limpeza que estou falando. Uma vitória nossa vai possibilitar um novo arranjo político e partidário".

AGÊNCIAS REGULADORAS

"[Vamos] Apresentar ao Congresso [uma regra] para designar para as agências reguladoras os diretores não mais na indicação política, mas por meio de mecanismos de busca, como headhunter' [recrutador] e comitê de busca. Uma proposta dessas tem 100% de aprovação na opinião pública. Por que o Congresso vai ficar contra?"

BOLSA FAMÍLIA

"Existe um grande terrorismo eleitoral. Há uma estratégia do governo de [disseminar] medo em cima daqueles que estão recebendo o Bolsa Família, dizendo que se eles [o governo] perderem, como eu acho que vão perder, acaba o Bolsa Família. É preciso que se deixe claro: ninguém vai acabar com o Bolsa Família neste país."

ABORTO

"Já temos regras, temos que cumprir as regras [sem ampliá-las]".

GAYS E ADOÇÃO

"A união civil é um direito já conferido pela Suprema Corte do país. Não podemos discriminar as pessoas por orientação sexual ou por relação homoafetiva".

"É preciso uma avaliação psicológica [para que casais gays possam adotar e educar uma criança]. Há casais heterossexuais que não podem criar nem seus filhos, quanto mais adotar. Quem pode fazer essa avaliação são especialistas, psicólogos, terapeutas, médicos".

MAIORIDADE PENAL

"Envolve a situação de medo das pessoas. Todos querem uma saída mágica. Acham que reduzir idade penal resolve. Se [o problema] fosse a idade penal, a gente não tinha ninguém com mais de 18 anos cometendo crime. O que precisamos é aumentar o tempo de internamento das crianças e adolescentes que cometem esse tipo de conflito com a lei de forma continuada. Eles precisam ficar mais tempo internados para se recuperar."

MACONHA

É a favor da descriminalização? "Não. Porque nós vivemos uma crise muito severa nessa questão da droga, que tem tudo a ver com a questão da violência. Precisamos fazer um enfrentamento ao tráfico, precisamos cuidar dos dependentes químicos. Precisamos de combate ao tráfico --sobretudo ao crack, que é a droga que está arrasando a vida de muitas famílias Brasil afora."


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