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Cotidiano - em cima da hora

Sem-teto invadem terreno particular perto do Itaquerão

Grupo chegou de madrugada em 17 ônibus e 50 carros; de acordo com a PM, mil pessoas acamparam no lugar

Invasão ocorre dois dias após votação do Plano Diretor, marcada pela pressão de movimentos de moradia na Câmara

MARTHA ALVES DE SÃO PAULO

Um grupo ligado ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) invadiu na madrugada de ontem uma área particular de 150 mil m² em Itaquera, zona leste de São Paulo, a 2,9 quilômetros do Itaquerão, que sediará a abertura da Copa daqui a 39 dias.

O grupo diz que a decisão de invadir a área tem relação com a Copa, que, segundo o MTST, encareceu os alugueis e reduziu as opções de moradia na região.

A invasão ocorreu dois dias após a aprovação em primeira votação do Plano Diretor da capital, num processo marcado pela pressão dos sem-teto aos vereadores.

O texto aprovado abre caminho para a regularização de assentamentos em áreas ambientais, entre eles a Nova Palestina, na zona sul, invadida pelo mesmo grupo no fim do ano passado.

Guilherme Boulos, líder dos sem-teto que invadiram o terreno em Itaquera, disse que cerca de 1.500 famílias ocupam a área, próximo ao parque do Carmo. A PM informou fala em mil pessoas.

Durante a invasão, que começou por volta da 0h30 do sábado, sem-teto montaram barracos de madeira e bambu cobertos com lona. Chegaram ao local em 17 ônibus e cerca de 50 carros.

"Bora trabalhar [na montagem das barracas]", dizia a sem-teto Patrícia Ledo, 26. "Quero uma casa para morar, não aguento mais pagar R$ 550 de aluguel", disse ela, que mora num imóvel de dois cômodos em Ermelino Matarazzo, próximo a Itaquera.

A sem-teto disse que não está inscrita em nenhum programa de habitação. "Não confio nesses programas, tem gente que tem dez anos esperando e até hoje nada", disse.

Segundo líderes do grupo, a intenção dos sem-teto é permanecer no local, e não negociar a inclusão em projetos de moradia popular.

De acordo com a Guarda Civil Metropolitana, o terreno é particular. A Secretaria de Habitação informou que, nesses casos, cabe ao proprietário decidir iniciar uma ação de reintegração de posse.

Segundo o MTST, a área pertence a uma incorporadora, cujo nome não soube dizer, e está abandonada há anos, com dívida milionária de IPTU. A prefeitura não confirmou a informação.

A pressão dos movimentos de moradia é um dos principais problemas enfrentados pelo prefeito Fernando Haddad (PT). Para zerar o déficit habitacional da capital seria necessário construir ao menos 230 mil casas.

COZINHA COLETIVA

Na invasão, o MTST organizou uma cozinha coletiva para alimentar o grupo. Foram feitos 50 kg de arroz, 10 kg de feijão e 10 kg de salsicha.

Sem-teto reclamaram da dificuldade para ir ao banheiro --muitos têm procurado bares na região.


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