Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

A Copa como ela é

'Aqui não tem um líder', afirma grevista

Escolhido para representar movimento em reunião de conciliação nega que paralisação tenha motivação política

Representante do Ministério do Trabalho, que falava em disputa sindical, agora diz que movimento é da base

ANDRÉ MONTEIRO CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO

"Não há comando, aqui não tem líder."

É dessa forma que Paulo Martins Santos, 44 anos de idade e 23 de profissão como cobrador e motorista da viação Gato Preto, explica o movimento que parou os ônibus de São Paulo por dois dias.

Ele foi um dos grevistas que participaram de reunião no Ministério do Trabalho em São Paulo.

Na ausência de líderes claros, o superintendente do ministério Luiz Antonio Medeiros teve que ir até as garagens das empresas, onde organizou votação para escolher representantes.

Medeiros, que vinha afirmando que a greve era motivada por disputa sindical, disse que mudou de opinião.

"Não foi um movimento armado, ele veio igual a um vulcão, de baixo para cima. A bronca' na base está muito grande", afirmou Medeiros, que foi presidente da Força Sindical.

Santos, conhecido como Maloca, também nega que os protestos tenham motivação política e diz que o "estopim" foi econômico. "Apoiamos a chapa que comanda hoje o sindicato. Mas o trabalhador não aceita o reajuste. Cansamos de ser jogados em uma negociação para lá e para cá."

Os grevistas são contra o acordo fechado pelo sindicato com as empresas, que acertou reajuste salarial de 10% retroativo a 1º de maio --a inflação oficial acumulada no período foi de 6,3%.

Com o reajuste, o piso salarial foi para R$ 2.150 (motoristas) e R$ 1.243 (cobradores).

"Vamos ter uma Copa, é um absurdo o motorista de ônibus da maior cidade do país ganhar essa miséria", disse o motorista Luís Pereira Lima, que representou os grevistas da viação Sambaíba.

Segundo Maloca, a estratégia de abandonar ônibus nas ruas foi "espontânea".

"Não foi nada combinado, uma garagem copiou a outra e foi tomando corpo. Nem sei dizer quem tirou a chave do primeiro ônibus", disse.

MUDANÇA

Não foi apenas Medeiros quem mudou o discurso nesta quarta-feira.

Valdevan Noventa, presidente do sindicato, vinha dizendo que a greve era obra de "bandidos" e insuflada por integrantes do grupo que perdeu a eleição da entidade.

Depois da reunião, porém, concordou em tentar reabrir a negociação com as empresas e disse que as divergências com os grevistas ocorriam porque havia informações desencontradas devido a boatos que se espalharam.

Ontem, a Folha ouviu dez motoristas parados no terminal de ônibus do parque D. Pedro 2º. Nenhum deles sabia dizer precisamente quais eram os termos do acordo acertado entre empresas e o sindicato da categoria.

As empresas dizem que não vão reabrir as negociações porque o acordo já foi aprovado pelas duas partes e que não há garantia de que um novo acordo seria respeitado por toda a categoria.

"Nosso discurso não mudou no decorrer de todo esse movimento. As negociações ocorreram e já foram aprovadas. Estamos falando de patamares de 10%, que estão acima de qualquer categoria hoje", disse Antonio Roberto Pavani Junior, advogado do sindicato patronal.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página