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A Copa como ela é

Jovens militares do Sul patrulharão a Maré

Complexo de favelas é ponto estratégico na cidade, mas tropa que atua na região foi deslocada para outras ações da Copa

Comunidades, situadas no caminho entre zona turística e aeroporto, ainda são disputadas por facções criminosas

FABIO BRISOLLA MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO

Às vésperas do desembarque das delegações estrangeiras no Rio, o Exército decidiu escalar, entre os 2.500 militares que estarão a partir desta sexta-feira (30) no Complexo da Maré, zona norte do Rio, 700 recém-formados do pacato município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

Os outros 1.800 integrantes da tropa são militares do Sul e do Rio, que ficaram de fora do planejamento para a Copa.

A região é apontada como estratégica para a segurança da cidade durante o Mundial, por estar na rota entre o aeroporto internacional e a zona turística do Rio.

Desde 5 de abril, tropas militares ocupam as 15 favelas da Maré. O território é dividido entre duas facções de traficantes --o Comando Vermelho e o Terceiro Comando-- e disputado também por grupos de milicianos.

Até ontem, a patrulha na Maré estava sob a responsabilidade da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército, grupamento que passou a auxiliar em outras ações militares associadas à Copa.

Para os que chegam, o primeiro desafio é entender o labirinto de ruas e vielas da Maré. Os militares recorreram a um guia produzido por uma ONG local, que traz um levantamento das vias ignoradas nos mapas tradicionais.

Apesar de ser classificado como uma "ocupação", esse não seria o termo adequado para definir a operação do Exército. Não há barreiras militares nas comunidades ou nos acessos principais.

Para monitorar a área, o Comando Militar do Leste (que coordena as ações) optou por rondas em jipes ou motos.

Essa movimentação pontual dos militares vem resultando em problemas para alguns moradores, que tiveram lajes confiscadas temporariamente por traficantes.

Os locais servem como ponto de observação do trajeto dos veículos militares. Desta forma, quando um jipe se aproxima de um ponto de venda de drogas, um aviso costuma ser transmitido via rádio para que todos possam se esconder.

Após a passagem da ronda, o comércio de drogas volta ao funcionamento normal.

Outro ponto sensível é a relação com os moradores. Quando assumiu o comando da missão, o general Roberto Escoto disse que o sucesso da operação passava pela conquista dos moradores. Isso até agora não ocorreu.

A intervenção militar acabou, por exemplo, com o som alto em algumas residências, que ignoravam a lei do silêncio nas madrugadas.

Uns elogiaram a restrição, outros reclamaram. Há relatos de discussões acaloradas entre moradores e integrantes da tropa de pacificação.

Os novatos permanecerão na Maré até o dia 31 de julho.

Pouco antes dessa data será discutido se a ocupação continua até dezembro, como é desejo do governo do Rio, ou se encerra de imediato, como querem os militares.


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