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A Copa como ela é

Motorista que fez greve teve aumento acima da inflação

Em SP, onde grevistas travaram a cidade, ganho é acima da média dos acordos

Apesar de reajuste real conquistado nos últimos anos, categoria afirma que salários ainda são muito baixos

CLAUDIA ROLLI ANDRÉ MONTEIRO DE SÃO PAULO

Motoristas e cobradores de ônibus de nove capitais e do ABC paulista, entre elas cidades afetadas por greves nas últimas semanas, conseguiram reajustes salariais acima da inflação acumulada nos últimos seis anos.

Em algumas cidades, como a São Paulo --onde grevistas furaram pneus e atravessaram ônibus nas vias, paralisando a cidade-- o aumento real que chegou ao bolso da categoria é quase o dobro do que receberam, em média, trabalhadores de outros 670 sindicatos no ano passado.

O levantamento foi feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos), a pedido da Folha, e completado com dados coletadas dos sindicatos.

A análise considera a inflação medida pelo INPC (do IBGE), o indicador mais usado nos acordos salariais.

Neste ano, os motoristas de São Paulo conseguiram 10% de reajuste ante inflação de 5,8% --ou 4% de aumento real. Com isso, o piso de um motorista foi para R$ 2.079 --R$ 124 a mais do que em 2013. O do cobrador subiu R$ 40.

No início da negociação o sindicato pedia 13%, enquanto o patronato oferecia 5%.

Mesmo aprovado em assembleia, o acordo gerou revolta. Um grupo dissidente iniciou uma paralisação que durou dois dias e deixou milhares sem transporte.

"É um absurdo o motorista de ônibus da maior cidade do país ganhar essa miséria", diz Luís Pereira Lima, motorista que aderiu à greve.

"O custo de vida subiu muito mais, não é preciso ser doutor pra saber", afirma Paulo Santos, outro grevista.

No Rio, onde também ocorreram paralisações radicais promovidas por dissidentes, o aumento deste ano foi igualmente significativo: 4,4% acima do INPC. De 2009 a 2014, o ganho real dos motoristas cariocas foi o maior na comparação entre as nove capitais e o ABC --alta de 24,6%.

COMPARAÇÃO

O menor ganho real entre as cidades pesquisadas foi em Manaus (1,3%), onde houve uma greve parcial.

Na média, o aumento real acumulado no período nas dez regiões foi de 10,2%.

Somente em três cidades, em anos diferentes, os acordos salariais ficaram abaixo da inflação: Manaus, São Luís e Florianópolis, cidade que teve paralisação de 24 horas.

"O que ocorre com os motoristas deve ocorrer com várias categorias com data-base em maio e junho. Os trabalhadores estão de olho na Copa na tentativa de ampliar suas conquistas e também há um calendário eleitoral que favorece maior exposição das greves", afirma o economista José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese.

Na Copa da África do Sul e na Olimpíada de Londres, uma onda de protestos e paralisações também afetou o transporte público urbano.

Na próxima quinta-feira (5), os funcionários do metrô paulistano, que também tiveram aumentos acima da inflação nos últimos anos, ameaçam entrar em greve.

Eles pedem reajuste de 35,5%, mas aceitam negociar desde que o índice tenha "dois dígitos" --devido ao aumento de produtividade.

O Metrô oferece 7,8% e diz estar aberto à negociação. Haverá nova rodada na quarta.


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