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Depoimento

Na chegada do voo, a sensação é: 'pousou, pronto, agora virem-se'

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

"Pode mandar mais gente?", grita o funcionário do aeroporto do alto da escada rolante. "Não, espera", responde, lá de baixo, a colega, rádio na mão, olhos de desalento observando o fluxo lento da multidão que vai se dividindo entre as filas "brasileiros" e "estrangeiros".

O funcionário de cima, então, pede aos passageiros que esperem. Cara de sono e de enfado por parte dos brasileiros, de susto e apreensão pela dos estrangeiros, resta-nos observar os movimentos de algum funcionário de pista ajudando um voo a estacionar.

São 6h de uma terça e o saguão está lotado. As filas se estendem até os corredores dos "fingers" das aeronaves. Quem levantou correndo do avião querendo ser o primeiro a sair e chegar logo em casa, a essa altura já desistiu.

Todos temos sono. Mas, agora, nos toca caminhar como zumbis até a hora de mostrar o documento, processo rapidíssimo até anos atrás --era só chegar andando mesmo, sem parar, com o passaporte aberto na página da foto.

Cheguei de manhã a Guarulhos três vezes no mesmo mês. Minha sensação é que essa parte do processo está saindo do controle. Enquanto o sistema de check-in está se tornando mais ágil, parece que ninguém está ligando para a hora da chegada. Pousou, pronto, agora virem-se.

Nessas três ocasiões, levei uma média de duas horas e meia para ser "liberada" --depois, mais uma hora e meia de trânsito, transformando o trajeto aeroporto-casa em algo maior que o do voo internacional que tinha feito (Bogotá e Buenos Aires, no caso).

Se todo mundo ficasse quieto, seria mais fácil de aguentar, mas a cantilena: "Esse país não vai pra frente" e "imagina na Copa" terminam por azedar o dia de vez.

Numa dessas manhãs, as funcionárias da cooperativa de táxi avisavam que a espera seria de no mínimo uma hora e meia. Os estrangeiros perguntavam se isso era sério. Perto, um colega oferecia o "jeitinho" a um homem de negócios colombiano, laptop no ombro: "O sr. sobe, atravessa a avenida e pega um táxi comum. É mais rápido".

O colombiano, que vive em Medellín, cidade que já teve o mais alto índice de assassinatos do continente, perguntou-me: "Isso é seguro? Eu estou com medo".


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