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Sarney avisa Dilma que não irá mais disputar eleições

Com desistência, ex-presidente encerra quase 60 anos de carreira política

Ontem, senador foi vaiado pelo público ao participar de evento no Amapá, Estado pelo qual foi eleito

VALDO CRUZ GABRIELA GUERREIRO DE BRASÍLIA

Depois de 59 anos de vida pública, o senador José Sarney (PMDB-AP) comunicou nesta segunda-feira (23) à presidente Dilma Rousseff que desistiu de disputar a reeleição ao Senado em outubro.

A decisão, se levada a cabo, encerra uma das mais longevas carreiras políticas brasileiras. O senador, que tem 84 anos, disse que a saúde frágil de sua mulher, Marly, lhe fez optar por não concorrer mais a cargo público.

Em nota divulgada por assessores de Sarney no Amapá, o peemedebista afirma que "chegou a hora de parar um pouco com o ritmo de vida pública" que consumiu 60 anos de sua vida e lhe "afastou da convivência familiar".

Nos bastidores, Sarney confidenciou a aliados que teme não ser reeleito diante da crescente resistência ao seu nome no Amapá.

Apesar de sempre ter morado no Maranhão, Sarney construiu sua carreira política no Amapá, onde foi eleito senador em 1990 e depois reeleito em 98 e 2006.

Nesta segunda-feira, o senador participou de evento em Macapá, ao lado da presidente Dilma, no qual foi vaiado pelo público sempre que teve o nome mencionado.

Na ocasião, foi provocado pelo governador do Estado e adversário político local, Camilo Capiberibe (PSB), que criticou "aqueles que se aliaram ao ditadores" no regime militar (1964-1985). Sarney integrou a Arena, partido que deu sustentação à ditadura.

Ao voltar do Amapá, no avião presidencial, o senador falou com Dilma sobre a decisão de abandonar a vida pública, algo que vinha ensaiando. O gabinete de Sarney no Senado, porém, não confirmou a nota nem a desistência de concorrer.

A nota divulgada no Amapá diz que Sarney comunicou o PMDB da decisão, mas o comando do partido disse não ter sido informado sobre o futuro político do senador.

O peso político de Sarney decaiu ao longo do governo Dilma, apesar de manter suas indicações no governo.

Sarney continuava sendo ouvido sobre questões importantes ao PMDB, mas deixou o protagonismo que alcançou no governo Lula, quando presidiu o Senado.

Em 2009, foi envolvido num escândalo em que 511 medidas administrativas deixaram de ser publicadas.

O caso motivou dez representações contra Sarney, todas arquivadas pelo Conselho de Ética da Casa, controlado por aliados na época.

Parentes de Sarney, do atual presidente do Senado, Renan Calheiros, e de outros senadores foram contratados e exonerados da Casa por meio desse mecanismo.

Presidente da República que assumiu o cargo na transição entre a ditadura militar e os governos democráticos, Sarney foi deputado federal, senador e governador do Maranhão. Assumiu o comando do país por ser vice de Tacredo Neves, que morreu na véspera de tomar posse, em 1985.

Em seu governo, implantou o Plano Cruzado e viu o país ser dominado pela inflação crescente. Entregou o governo com a economia desestruturada, mas é reconhecido como um dos fiadores da estabilização política e da volta da democracia no país.


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