Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Kassab se afasta de tucanos para apoiar rival de Alckmin
PSD dará a Paulo Skaf mais 1min15s de propaganda no horário eleitoral na TV
Peemedebista convidou o ex-presidente do BC Henrique Meirelles para sair candidato ao Senado em sua chapa
As divisões internas do PSDB de São Paulo empurraram o PSD, partido do ex-prefeito Gilberto Kassab, para uma aliança com o nome que hoje aparece como principal adversário do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa eleitoral deste ano, Paulo Skaf (PMDB).
Kassab anunciou a decisão na tarde desta sexta-feira (27). O acordo com Skaf dará ao peemedebista mais 1min15s de propaganda na TV e equilibrará o tempo de exposição das principais candidaturas ao governo do Estado.
Em troca do apoio, o peemedebista convidou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, filiado ao PSD, para ser seu candidato ao Senado. Meirelles prometeu dar uma resposta até segunda. O marqueteiro do peemedebista, Duda Mendonça, já ensaia slogan: "Skaf, Batochio [vice na chapa] e Meirelles. A mudança em São Paulo já começou".
RACHA INTERNO
Kassab vinha negociando há meses um acordo com os tucanos. No auge das negociações, foi sondado por emissários de Alckmin sobre a possibilidade de ser o vice na disputa à reeleição.
Mas a negociação naufragou por decisão do próprio Alckmin, que preferiu fechar aliança com o PSB na vice.
O PSDB paulista, então, ofereceu na última quarta-feira (25) a vaga de senador a Kassab. A iniciativa contrariou tratativas do próprio governador com o candidato dos tucanos à Presidência, o senador Aécio Neves (MG), e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Dias antes, em encontro reservado, Aécio e FHC defenderam que o ex-governador José Serra (PSDB) fosse o candidato ao Senado. Alckmin não se opôs nem disse que iria ofertar o posto a Kassab.
Serra, que em maio havia mencionado a intenção de concorrer a senador, foi avisado por Aécio da articulação. Quando soube que a cúpula da sigla havia concordado em defender seu nome, disse, então, que topava.
Essa conversa ocorreu na noite da última terça-feira (24). No dia seguinte, Alckmin disse à imprensa que havia oferecido a vaga de senador a Kassab.
A atitude do governador deflagrou descontentamentos em série no PSDB, e chegou ao auge na quarta (25) à noite, quando FHC, por telefone, discutiu com Alckmin.
O ex-presidente teria cobrado o compromisso firmado anteriormente. Alckmin viu na atitude uma "intervenção" em seu palanque.
No dia seguinte, Serra foi ao Bandeirantes reafirmar a disposição de concorrer ao Senado. Ouviu que seu nome não era aceito por alguns dos partidos que integram a aliança de Alckmin e que o governo não poderia garantir que ele seria o único candidato da chapa.
Do Bandeirantes, Serra seguiu para uma reunião com Kassab. O ex-prefeito é um dos políticos a quem ele é mais ligado. Kassab apenas ressaltou sua "lealdade pessoal" a Serra. Não disse o que faria. Na manhã seguinte, reuniu aliados no partido e anunciou o apoio a Skaf.
MICHEL TEMER
O PMDB tenta atrair Kassab há meses, mas as conversas só ganharam corpo quando Alckmin optou por dar a vice--uma vez prometida a Kassab-- ao PSB.
Quem capitaneou as conversas foi o vice-presidente da República, Michel Temer. No plano nacional, Kassab apoia a reeleição de Dilma Rousseff e Temer.
Nos últimos dias, o vice-presidente conversou quase diariamente com o ex-prefeito. Durante a convenção nacional do PSD (dia 25), reforçou o pedido pessoalmente.
Alheio à movimentação, Skaf soube da decisão de Kassab pela imprensa.
O enlace entre o PMDB e o PSD acabou por azedar de vez o clima no entre Alckmin e Serra. O afastamento aproximou o ex-governador de Aécio.
O presidenciável não via com bons olhos a aliança entre o governador e o PSD. Isso porque Alckmin já havia dado a vice ao PSB, que tem Eduardo Campos como candidato ao Planalto. Se fechasse com Kassab, que apoia Dilma, o paulista agregaria em seu palanque os dois principais adversários de Aécio.
Serra ainda não havia definido se sairá ao Senado ou se disputa vaga de deputado federal.