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A Copa como ela é

Motorista morta veria jogo em Fan Fest

Hanna Cristina Santos, 24, esmagada por viaduto que caiu em Belo Horizonte, foi enterrada na hora da partida do Brasil

Enterro ocorreu ao som de rojões disparados por torcedores que comemoravam vitória da seleção brasileira

PAULO PEIXOTO DE BELO HORIZONTE LILIANE PELEGRINI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Hanna Cristina Santos, 24, queria ter assistido ao jogo do Brasil contra a Colômbia nesta sexta (4) na Fan Fest de Belo Horizonte, onde também veria o show do pagodeiro Thiaguinho, de quem era fã.

Motorista de um micro-ônibus parcialmente esmagado no dia anterior por um viaduto inacabado que desabou, Hanna foi enterrada no mesmo horário da partida.

Ela é uma das duas pessoas mortas no acidente, que deixou ainda 23 feridos. A obra, na região norte de Belo Horizonte, fazia parte do pacote federal para a Copa do Mundo, mas não ficou pronta.

Com a tragédia, Fan Fest e show acabaram cancelados.

Alheias ao jogo da seleção, cerca de 80 pessoas presentes no enterro ouviam os rojões de torcedores vizinhos ao cemitério Bosque da Esperança.

Quando o corpo começou a ser levado para o sepultamento, a irmã da motorista, Priscila Santos, desmaiou.

Hanna foi enterrada às 17h30, quando o Brasil vencia por 1 a 0, ao som de mais fogos de artifício. Parentes e amigos cantavam "Como é Grande o Meu Amor por Você", de Roberto Carlos.

Ela foi descrita por amigos e parentes como alegre e amorosa, bastante ligada à família. Sua filha, de cinco anos, também estava no micro-ônibus. Foi socorrida por pessoas que passavam pelo local.

Com a confusão, a criança só soube da morte da mãe na manhã desta sexta, por uma psicóloga. No velório, preferiu não ver o corpo. "Ela está aérea, sabe que a mãe morreu, mas não tem ainda noção do que é isso", contou Tereza Cristina Santos, tia da vítima.

Segundo a família, Hanna tentou salvar a filha e evitou uma tragédia maior ao frear e jogar, num reflexo, seu lado do veículo contra o viaduto.

No velório, o clima era de revolta. "Isso não é um acidente que acontece", afirmou a tia, em referência à fala do prefeito Marcio Lacerda (PSB).

No dia anterior, ele disse que "acidentes como esse infelizmente acontecem".

"O prefeito ligou querendo vir ao velório. Mas nós não queremos a presença dele. Queremos é justiça. Isso não pode ficar assim", disse ela.

Segundo Tereza Cristina, ninguém da construtora Cowan, responsável pela obra, havia entrado em contato com a família até então. Na quinta, a construtora afirmou que "a prioridade é o apoio às vitimas e aos familiares".

Motorista há três anos, ela e o irmão, Tiago, dirigiam o ônibus da família. Hanna tinha assumido o turno às 14h20. Quarenta minutos depois, o viaduto caiu. "Poderia ter sido comigo", disse ele.

A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar o desabamento do viaduto e solicitou perícia técnica.


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