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Alckmin dribla veto da Justiça ao visitar obras em redutos eleitorais

Em vistorias no interior de São Paulo, governador é acompanhado por equipes de filmagem

Lei proíbe candidatos de irem a inaugurações nos três meses que antecedem a eleição, mas não veda inspeções

GABRIELA YAMADA DE RIBEIRÃO PRETO JOSÉ MARQUES DE SÃO PAULO

"Meninas, o governador tem algo a dizer a vocês", disse o prefeito Dimar de Brito (PSDB) a um grupo de idosos em Santa Cruz da Esperança (a 316 km de SP). O governador Geraldo Alckmin (PSDB) se aproximou das mulheres e anunciou: "Aqui, vocês vão ter uma piscina aquecida", arrancando aplausos e gritos.

A cena aconteceu na manhã desta quinta-feira (10), quando Alckmin esteve no interior paulista com o objetivo de vistoriar obras de duplicação da rodovia Abrão Assed.

A visita foi gravada por equipes que acompanhavam o governador. Além do tucano, elas também gravaram depoimentos de moradores para o programa eleitoral.

Candidato à reeleição, Alckmin adotou estratégia de aliar atividades de mandato no interior com aproximação do eleitorado. Ele nega que seja agenda de campanha.

Desde o início da semana, o governador vai a municípios em que obteve vitória expressiva em 2010 para vistorias. Segundo aliados, a intenção é reforçar presença em redutos tradicionais.

Dessa forma, ele contorna a legislação eleitoral e marca presença em ações da gestão no interior do Estado. A lei proíbe que candidatos compareçam, nos três meses anteriores à eleição, a inaugurações de obras públicas.

Entre a segunda (7) e quinta-feira (10), Alckmin esteve em ao menos sete cidades onde obteve percentual próximo ou maior que 60% dos votos válidos em 2010.

Além de vistoriar as obras, o tucano --acompanhado de prefeitos, deputados e candidatos-- tira fotos com pedestres, come em padarias locais e vai à igreja rezar.

PERCORRENDO O ESTADO

Em Santa Cruz da Esperança, Alckmin disse que percorre o Estado para ver e ouvir os problemas da população.

"Quanto mais ouve, menos erra. Não é que não vai errar. Vai errar menos", afirmou, e voltou a dizer que estava na região para vistoriar obras, cuja ação não é proibida pela legislação eleitoral.

O governador estava acompanhado de dois deputados da região --o federal e presidente do partido no Estado, Duarte Nogueira, e o estadual Welson Gasparini (PSDB). Ambos tentarão a reeleição.

O empresário Pedro Silva Martins, ex-prefeito de Cássia dos Coqueiros, disse que a visita reforça o trabalho feito em prol da reeleição de Alckmin. "É importante fazermos política".

"Essas visitas são uma forma de driblar a lei. É uma utilização ardilosa da legislação", afirmou Roberto Romano, professor de ética e política da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

O coordenador jurídico da campanha do PMDB --de Paulo Skaf, principal adversário de Alckmin--, Hélio Silveira, diz que a conduta do governador, se repetida reiteradamente, "configura abuso de autoridade". "Ele está simulando vistoria para exaltar feitos da gestão", disse.

OUTRO LADO

O coordenador jurídico da campanha de Alckmin, Ricardo Penteado, afirma que, embora seja candidato, o governador "separa muito bem" as atividades eleitorais e o exercício do mandato.

Segundo Penteado, "não há fato que comprove que o governador tem feito campanha". "Vistoria não é inauguração", afirmou. "Posso afirmar com muita segurança: o governador Geraldo Alckmin é um dos mais comportados clientes que já tive na vida."

Penteado rebate a declaração do advogado do PMDB: "Por que tem que ser reiteradas vezes? Se fosse ilícito, já seria em uma única vez".

O diretório do PSDB em São Paulo foi questionado sobre as equipes de gravação, mas não respondeu.


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