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Eleições 2014/Sabatina - Eduardo Campos

Disputa pelo poder justifica alianças com partidos rivais

* CANDIDATO DO PSB À PRESIDÊNCIA DEFENDE PASSE LIVRE PARA ALUNOS * CAMPOS DIZ QUE NÃO VENDE ILUSÃO AO PROMETER BAIXAR INFLAÇÃO PARA 3% * EX-GOVERNADOR AFIRMA NÃO TER INTERESSE EM DISPUTAR REELEIÇÃO

DE SÃO PAULO

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nesta terça-feira (15) que a disputa pelo poder central, ao lado de Marina Silva, coloca-se acima das polêmicas alianças que fez nos Estados com partidos rivais, como PT, PSDB e PMDB.Em sabatina realizada pela Folha, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan, o ex-governador de Pernambuco voltou a criticar a falta de controle da inflação por parte do governo federal e disse que "o Brasil vai tirar Dilma" do Planalto.Campos defendeu em público pela primeira vez o passe livre para estudantes e afirmou que não tem intenção de tentar eventual reeleição em 2018.

(MARINA DIAS, GABRIELA TERENZI, JOSÉ MARQUES, GUSTAVO URIBE E DANIEL CARVALHO)

Leia a seguir os principais trechos da sabatina:

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Alianças táticas

Em uma tentativa de justificar as alianças que firmou com partidos rivais em diversos Estados, o candidato a presidente da República pelo PSB, Eduardo Campos, afirmou que a disputa pelo poder central em Brasília é a única forma de renovar a política no país. O ex-governador de Pernambuco disse que foi preciso "fazer alianças táticas" para "chegar vivo" à disputa pelo Palácio do Planalto.

"A forma de renovar a política não é disputar Estado a Estado [...] é disputar o poder central de Brasília, porque a Federação brasileira concentra tantos recursos e tanto poder que alimenta nos Estados as velhas oligarquias e o velho jeito de fazer política", disse o presidenciável.

Desde que as coligações regionais foram fechadas, no fim de junho, Campos tem dado explicações sobre o apoio de seu partido a PT, PSDB e PMDB, siglas frequentemente usadas por ele como exemplos para ilustrar o que chama de "velha política". Segundo ele, o PMDB está "com o pé em duas canoas".(1) "Está com um pé no PT e tem uma sublegenda na candidatura do Aécio (PSDB), é isso."

Em São Paulo, o PSB apoia a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB), enquanto no Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral do país, está ao lado da candidatura de Lindbergh Farias (PT) ao governo do Estado.

Campos afirmou ainda que a filiação de sua vice, Marina Silva, ao PSB fez parte de um "processo de sobrevivência". Sem citar nomes, o presidenciável disse que tentaram "garrotear a Rede", grupo político da ex-senadora que não conseguiu registro na Justiça Eleitoral, e "disputar o PSB por dentro". "Para chegar vivo aqui, você não imagine que foi fácil, foi preciso resistir, foi preciso fazer alianças táticas".

Críticas a adversários

Em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Campos não poupou críticas à presidente Dilma Rousseff (PT) e ao senador Aécio Neves (PSDB), seus principais adversários nas eleições de outubro. Os ataques mais duros foram desferidos à petista: "Dilma será a primeira presidente da República do ciclo democrático no Brasil que vai entregar o país pior do que recebeu", disse. "A verdade é que o Brasil deseja mudar, o Brasil vai tirar a Dilma", completou.

O ex-governador acredita que as manifestações de junho de 2013 trouxeram diversas demandas populares para a mesa dos governantes e era uma "oportunidade" para que Dilma mostrasse "qual era seu papel na história". "Mas ela jogou fora essa oportunidade, ou não soube fazer, ou não teve força para fazer, ou não teve paciência", disse.

Aliado ao governo do PT nos últimos 11 anos, o candidato do PSB disse que os atributos de Dilma como gestora e desenvolvimentista não foram suficientes para fazer com que o país avançasse.

"Ela [Dilma], que se dizia desenvolvimentista, vai nos legar o tempo de mais baixo crescimento. Ela, que dizia que ia baixar juros, vai nos legar os juros mais altos no tempo em que as famílias estão mais endividadas. Ela, que dizia que ia baixar a energia elétrica, a energia foi lá pra cima. Ela, que comandou a Petrobras durante o governo Lula, nos entregará a Petrobras vulnerável."

Campos criticou ainda os sucessivos atrasos na transposição do rio São Francisco,(2) projeto que enfrenta problemas desde o início das obras, em 2007, no segundo governo de Lula. O ministro da Integração Nacional, pasta responsável pela obra, era até o fim de 2013 Fernando Bezerra (PSB), aliado de Campos. Mesmo assim, o presidenciável usa o tema para falar da falta de capacidade de gestão de Dilma.

"A responsabilidade das obras que não foram entregues é da presidente da República e do seu governo. O ministro tem parte da responsabilidade, mas a responsabilidade política é dela."

Para se diferenciar de Aécio, que lidera as pesquisas no campo da oposição, Campos afirmou que o tucano representa um projeto de "mudança conservadora". "Existem dois projetos de mudança: de um lado, um conservador que já governou o país e, de outro, existe um projeto progressista, que entende que é fundamental unir o Brasil", afirmou.

Inflação

Uma das principais críticas que Campos faz à política econômica da presidente Dilma é a falta de controle da inflação. Segundo ele, é preciso ter compromisso com o centro da meta --hoje em 4,5%-- mas é possível ter, num próximo governo, "uma inflação como tem hoje o Chile, de 3%".

Campos disse que atingir esse patamar "não é uma ilusão". "Não estou vendendo ilusão, porque eu tenho formação de gestor público.(3) Quem me conhece gerindo sabe que eu não costumo vender ilusão, sou muito objetivo, transformo os programas de governo em projetos objetivos para serem implantados."

A proposta de redução do centro da meta já foi criticada por Dilma. Em encontro com empresários do varejo, em maio deste ano, ela afirmou que, para reduzir o índice para 3%, seria necessário "cortar quase 50% dos programas sociais" e haveria problemas para "sustentar o Minha Casa, Minha Vida, os planos safra da agricultura familiar e todos os programas feitos com juros subsidiados". Em junho, o acumulado do IPCA chegou a 6,52%, ultrapassando o teto da meta, de 6,5%.

Passe livre para estudantes

O candidato divulgou pela primeira vez publicamente a proposta de apoiar o passe livre para estudantes de todo o país,(4) mas não detalhou como irá financiar o projeto.

A promessa foi feita na segunda (14) em debate fechado com cerca de cem universitários de São Paulo, como a Folha mostrou. Na ocasião, Campos se comprometeu a investir em políticas que estimulem governos municipais e estaduais a adotarem a tarifa zero para ônibus e metrô, respectivamente, e deu como exemplo a desoneração de setores do transporte e a baixa do preço do combustível.

"Queremos desenvolvimento, mas desenvolvimento com sustentabilidade; queremos inclusão, mas não a inclusão que gera dependência, a que liberta, e essa será dada com educação em tempo integral. Para isso, tem muito estudante pobre que precisa ter passe livre, aí a gente tem que fazer a escolha entre subsidiar os juros para grandes empresas e arrumar a passagem para um estudante da periferia chegar à escola", disse.

Ao ser questionado se elevaria os juros dos empresários para subsidiar o transporte dos estudantes, Campos foi cauteloso e sugeriu que recorreria aos fundos previstos pelo PNE (Plano Nacional de Educação), aprovado no Congresso em maio. O plano destina 10% do PIB à educação.(5)

Mensalão

Campos disse que o mensalão do PT foi "um horror" e comparou o escândalo ao caso de compra de votos no Congresso Nacional para aprovar a reeleição no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1997.

"[O que penso sobre o escândalo do mensalão] é semelhante com o que eu acho e penso sobre, por exemplo, o escândalo da compra de votos no Congresso para a reeleição no governo Fernando Henrique Cardoso. Acho isso um horror", afirmou.

Campos fez questão de pontuar divergências com o ex-ministro José Dirceu, preso após condenação pelo STF. "Dentro do governo, eu participava de um conjunto que tinha divergências explícitas com o Zé Dirceu.(6) Ele foi contra que eu entrasse no governo Lula em 2004. Todo mundo sabe." O ex-governador foi convidado por Lula para ser ministro da Ciência e Tecnologia um ano antes de o maior escândalo do governo derrubar Dirceu da Casa Civil.

Energia limpa

No plano de governo da candidatura de Campos entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), há a promessa de utilizar recursos do pré-sal para investimento em fontes de energia renovável. A lei prevê, porém, que os recursos provenientes dos royalties de petróleo sejam destinados à educação e à saúde.

Perguntado sobre como executaria seu projeto, Campos disse que não estava falando especificamente do dinheiro dos royalties. "Estou dizendo que é dinheiro do pré-sal. O pré-sal será uma oportunidade para que a Petrobras se capitalize e para que o governo possa dar conta de uma matriz energética muito mais limpa do que temos hoje."

Lula

Geralmente pouco assertivo ao falar de uma possível disputa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é afilhado político, Campos disse que não fará debate político com o petista, pois não é ele o candidato do PT. "Se o PT tivesse escolhido o presidente Lula como candidato a presidente da República, nós, eu e a Marina, estaríamos aqui discutindo com ele com a maior tranquilidade do mundo, com respeito, mas exercendo nosso papel democrático de divergir e de oferecer ao país um outro caminho."

O pessebista aproveitou o momento para mais uma vez estocar o PSDB e seu candidato. "Você acha que vou entrar nessa do PSDB de ficar aqui fazendo debate com o Lula? Aécio, quando foi candidato a governador [de Minas Gerais, em 2006], fez comitê Aécio-Lula. Agora vou fazer um debate com quem não é candidato? É esse o projeto?"

Reeleição

Campos afirmou que não tem projeto de disputar a reeleição e disse que é a favor de acabar com essa previsão legal. "Não tenho nenhuma pretensão de ser candidato à reeleição a presidente da República."

Aliados do presidenciável dizem que quando Marina se filiou ao PSB houve um pacto sigiloso para que o pernambucano abrisse caminho à ex-senadora no próximo pleito.

Questionado sobre abrir mão de uma nova disputa em 2018, Campos afirmou que o faria "sem nenhum problema". "Não é questão de um pleito pessoal, de uma busca pessoal, estamos tratando aqui do futuro de 200 milhões de brasileiros."


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