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Ativista pede asilo no Consulado do Uruguai e foge após negativa

Advogada está entre os 23 acusados de formação de quadrilha que são réus de processo judicial

Após ter pedido negado, ela deixou prédio, na zona sul do Rio, à noite; policiais foram ao local para tentar prendê-la

LUCAS VETTORAZZO LUIZA FRANCO DO RIO

A advogada Eloísa Samy, 45, ativista de direitos humanos que prestava assistência jurídica a manifestantes, pediu asilo político no Consulado Geral do Uruguai no Rio na manhã desta segunda (21).

Após ter o pedido negado, ela deixou o prédio à noite, sem ser vista por policiais.

Samy é considerada foragida desde a sexta (18), quando a Justiça do Rio aceitou denúncia contra ela e outros 22 réus acusados de se associar para a prática de crimes em protestos, incluindo depredações e agressões a policiais.

Segundo a denúncia, o grupo confeccionava coquetéis-molotovs e artefatos explosivos para uso nos atos.

Dos 23 réus, 18 são considerados foragidos. Elisa Quadros, conhecida como Sininho, Camila Jourdan e Igor D'Icarahy foram presos em 12 de julho, véspera da final da Copa. Fábio Raposo e Caio Silva de Souza, acusados pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, em fevereiro.

A advogada foi ao consulado com os ativistas David Paixão, 18, de quem é representante legal, e Camila Nascimento, 19. O advogado Rodrigo Mondego, que assessora manifestantes, disse que os dois também pediram asilo --eles não constam da denúncia do Ministério Público.

Segundo a deputada estadual Janira Rocha (PSOL), os três deixaram o local após resposta negativa da cônsul Myriam Fraschini Chalar, que argumentou que o Uruguai reconhece o Brasil como Estado democrático, e por isso não poderia conceder asilo.

Eles teriam saído pela garagem, sem serem vistos por PMs de plantão perto dali.

A Folha entrou em contato com a embaixada uruguaia em Brasília, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição. No Rio, o consulado não prestou informações.

Enquanto a advogada estava no prédio, dois PMs à paisana entraram no local, mas saíram a pedido de funcionários. Policiais da delegacia de crimes de informática chegaram a ficar na portaria.

Segundo o advogado Mondego, que coordena o Setorial de Direitos Humanos do PT e assina a nota divulgada pela sigla na quinta (17) em repúdio às prisões, Samy se considera "perseguida política".

Ela teria pedido asilo por considerar que não tem a garantia de três direitos: à liberdade, a um julgamento justo e à presunção de inocência.

De acordo com a denúncia, a advogada "inicialmente juntou-se aos demais no exercício de sua atividade, tendo, após, desvirtuado sua conduta, passado a participar ativamente dos atos violentos".

Ela é representada por uma comissão da OAB-RJ. Em nota, o presidente do grupo, João Pedro Pádua, diz que "o advogado tem o direito de simpatizar com uma causa e não cobrar honorários, o que não significa compactuar".

Samy fez parte do Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos, grupo de advogados que atua em protestos e em outras frentes, como na assistência a famílias de vítimas de violência policial.

INTERCEPTAÇÕES

Em ligações interceptadas sob aval da Justiça e divulgadas pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, a ativista Elisa Quadros, a Sininho, conversa com seu padrasto, que vive no Rio Grande do Sul.

Na conversa, ela diz temer ser enquadrada no crime de quadrilha e tenta convencê-lo de que o melhor caminho seria ir para Porto Alegre, onde acabou presa no dia 12.


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