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Santander emite alerta sobre petista e depois volta atrás
FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA BRUNO LUPION DO UOL, EM BRASÍLIAO Banco Santander enviou no dia 1º de julho aos seus clientes de alta renda um texto afirmando que o eventual sucesso eleitoral da presidente Dilma Rousseff produzirá uma piora na economia do Brasil.
A análise foi impressa no extrato dos clientes da categoria "Select", com renda mensal superior a R$ 10 mil. O texto diz que, se Dilma subir nas pesquisas eleitorais, juros e dólar vão subir, e a Bolsa, cair.
Publicado na sexta-feira (25) no UOL, o comentário do Santander vem sob o título "Você e seu dinheiro" e prevê que um cenário eleitoral favorável à petista reverterá "parte das altas recentes" na Bolsa:
"Se a presidente se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir. O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam alta e o índice da Bovespa cairia, revertendo parte das altas recentes."
A análise do Santander já frequentava o mercado de forma difusa, mas nunca assumida de modo institucional por um banco.
Em outras eleições presidenciais houve especulações parecidas. Em 1989, o empresário Mário Amato afirmou que se Lula ganhasse, 800 mil empresários deixariam o Brasil.
Em 2002, quando o mercado de novo ficou apreensivo com uma vitória de Lula, o analista Daniel Tenengauzer, do banco Goldman Sachs, inventou o "lulômetro", uma combinação de indicadores que previa a cotação futura do dólar disparando caso o petista fosse eleito. Tenengauzer foi repreendido.
Internamente, o Planalto classificou a avaliação como "terrorismo eleitoral". Para auxiliares da presidente, o Santander instituiu o "dilmômetro". Quando a sua análise se tornou pública, o Santander recuou: "O banco pede desculpas aos clientes".
O presidente do PT, Rui Falcão, disse que "já houve um pedido de desculpas formal enviado à Presidência. A informação que deram é que estão demitindo todo o setor responsável pela produção do texto".