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Petrobras treinou ex-diretor antes de depoimento à CPI

Advogado de Cerveró negou que ele tenha recebido perguntas antes de sessão

Presidente da estatal respondeu a 15 questões iguais nas CPIs que apuram negócios da empresa no Congresso

DO RIO DE BRASÍLIA DE SÃO PAULO

O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, demitido após ser apontado como o responsável pelo parecer falho que embasou a polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, participou de treinamento promovido pela estatal dias antes de ir à CPI que investiga irregularidades neste e em outros negócios.

O advogado Edson Ribeiro, que representa Cerveró, confirmou o treinamento, mas negou que o ex-diretor tenha recebido antecipadamente as perguntas que seriam feitas no depoimento.

Reportagem da "Veja" desta semana afirma que representantes da Petrobras que foram à CPI receberam previamente as perguntas que seriam feitas e as respostas que deveriam ser dadas.

Entre eles, de acordo com a revista, estariam a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, seu antecessor, José Sérgio Gabrielli, e Cerveró, então diretor internacional.

Ribeiro disse não saber onde o treinamento ocorreu nem o dia exato, apenas que foi "entre sete e dez dias antes do depoimento". Cerveró esteve na CPI em 22 de maio, quando já não integrava os quadros da estatal.

"Cerveró foi convidado a participar de um media training' (treinamento com perguntas e respostas comportamental) oferecido pela Petrobras", disse o advogado, em nota. Cerveró não quis se manifestar sobre o assunto.

Em nota divulgada nesta segunda, a Petrobras disse que "garante apoio a seus executivos, e ex-executivos, preparando-os, quando necessário, com simulações de perguntas e respostas", para situações como "audiências públicas, entrevistas com a imprensa, e, no caso em questão, as CPI e CPMI".

Ainda segundo a empresa, após cada depoimento, as "perguntas feitas pelos parlamentares são desdobradas em novas perguntas pela equipe da Petrobras para subsidiar depoimentos subsequentes", para "melhor compreensão dos fatos e elucidação das dúvidas".

PERGUNTAS IDÊNTICAS

Levantamento feito por partidos de oposição mostra que Foster respondeu a 15 perguntas idênticas elaboradas pelos relatores, ambos petistas, das CPIs que investigam a estatal no Congresso.

No dia 27 de maio, Foster respondeu perguntas do senador José Pimentel (PT-CE), relator da CPI do Senado. Em 11 de junho, foi a vez do deputado Marco Maia (PT-RS) fazer praticamente os mesmos questionamentos a ela na CPI Mista. Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), esse é um indício de combinação.

A assessoria de Marco Maia confirmou que usou como referência as perguntas feitas pelo senador. Negou, porém, ter discutido previamente as perguntas com a Petrobras.

A reportagem da "Veja" levou a oposição a pedir apurações ao Ministério Público.

Segundo a "Veja", também participaram da elaboração das perguntas e respostas os servidores Paulo Argenta, da SRI (Secretaria de Relações Institucionais da Presidência), Marcos Rogério de Sousa e Carlos Hetzel, que trabalham no bloco de apoio ao governo no Senado.

O DEM protocolou requerimento para que o ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) explique, em plenário, a participação de Argenta, seu assessor, no episódio, além de pedir afastamento de Pimentel da relatoria.

Em nota, Pimentel admitiu que montou uma lista comum de perguntas que foram feitas aos integrantes da estatal. Ele negou, porém, que tenha orientado as respostas ou se reunido com os investigados.

Dilma disse nesta segunda, em Guarulhos (SP) que "essa é uma questão que deve ser respondida pelo Congresso".

O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, discordou. "Há uma CPI para apurar malfeitos e se faz uma articulação com senadores da base dela com gente do governo para treinar perguntas e respostas antes. Ela dizer que não tem nada a ver com isso... Quem é que tem a ver com isso então?", provocou Campos.


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