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Contadora diz que doleiro deu dinheiro a deputados

Meire Poza, que trabalhou para Alberto Youssef, depôs no Congresso

Ela reafirmou que o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) era o maior beneficiário; advogado nega as acusações

AGUIRRE TALENTO FERNANDA ODILLA DE BRASÍLIA

A contadora Meire Poza, que trabalhou para Alberto Youssef, confirmou nesta quarta (13) que o doleiro repassou dinheiro ao deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) e a outros congressistas.

"O Alberto era um banco. Ele pagava contas, dava dinheiro, dava presentes, emprestava", afirmou a contadora, que prestou depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados como testemunha de acusação no processo que pode resultar na cassação de Argôlo.

Ela deu detalhes dos repasses ao deputado. Revelou ainda que o congressista indicou duas empresas do Ceará, a Grande Moinho Cearense e a M. Dias Branco, para repassar dinheiro para o doleiro.

Procuradas, as empresas não responderam até a conclusão desta edição. A Grande Moinho Cearense atua no mercado de farinha de trigo e é comandada pelo grupo Jereissati. A M. Dias Branco atua no ramo de alimentação.

Ela disse desconhecer o motivo dos repasses, mas afirmou ter emitido notas para as empresas no valor aproximado de R$ 1 milhão.

Meire já havia dado depoimentos à Polícia Federal sobre os negócios do doleiro, alvo da Operação Lava Jato. Youssef é suspeito de comandar esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

"BEBÊ JOHNSON"

Nesta quarta, a contadora pediu para se limitar a falar sobre as relações de Argôlo com o doleiro. "Era uma relação carinhosa, ele [o deputado] era tratado como Bebê Johnson, não só pelo Alberto, mas por todo mundo, até por ele ser novinho. Ia sempre lá [no escritório], tinham amizade muito grande".

Ela reafirmou que o deputado e o doleiro eram sócios informais na empresa Malga Engenharia, como revelado pela Folha.

Meire informou também que fez duas transferências bancárias, a pedido de Youssef, para pessoas ligadas ao deputado. Uma delas foi no valor de R$ 60 mil a Manoelito Argôlo, parente do congressista. A outra, de R$ 47 mil, foi para uma pessoa chamada Élia da Hora, que já trabalhou no gabinete de Argôlo na Assembleia da Bahia.

Sem precisar a data e valores, Meire disse que Argôlo esteve no escritório do doleiro em São Paulo para buscar dinheiro. Disse ser ela a responsável por providenciar a entrega, que atrasou.

Segundo a contadora, o deputado adiou uma viagem para esperar o pagamento. "Como ele não recebeu na tarde em que eu estava lá, sei que ele recebeu depois, não sei como foi entregue", afirmou.

Questionada, confirmou que houve pagamento a outros congressistas, mas não quis citá-los. Com a insistência das perguntas, ela acabou falando do deputado André Vargas (sem partido-PR).

Ao fim do depoimento de Meire, o advogado de Argôlo, Aluísio Régis, afirmou que as relações do deputado com o doleiro eram "lícitas", mas que deixará para prestar os esclarecimentos na fase final do processo no conselho.


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