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Candidata e desafeto viajam no mesmo voo
DA ENVIADA A BRASÍLIAO voo 3717 que saiu de Brasília no fim da tarde desta quinta-feira (21) com destino a São Paulo pegou de surpresa a cúpula do PSB. Dois dos principais dirigentes do partido compraram passagem de última hora para tentar se reunir com Marina Silva longe dos holofotes e resolver a crise que acometeu sua campanha à Presidência.
Após a oficialização da candidatura, Carlos Siqueira, primeiro-secretário do PSB, deixou o comando da campanha, alegando que havia sido tratado com deselegância e grosseria pela candidata.
O presidente nacional do partido, Roberto Amaral, e Márcio França, presidente do PSB-SP, encontraram a ex-senadora na sala de embarque.
"Foi coincidência, a gente queria achar Marina em São Paulo", disse França. Alguns metros atrás da dupla, Siqueira caminhava vagarosamente. Ao avistar Marina, atravessou para o outro lado da sala: não queria cruzar com ela.
"As pessoas estão me falando que ela vai se eleger, mas eu não estou preocupado, não quero cargos nesse governo. Se ele vier a existir, né?", disse Siqueira à Folha. "Eduardo Campos nunca tomou conhecimento de muitas coisas nesse relacionamento [entre Marina e o PSB]. Não sou fantoche, cheguei no limite."
O ex-governador de Pernambuco, morto em um acidente aéreo no último dia 13, funcionava como uma espécie de liga entre o grupo da ex-senadora e seu partido.
Em reunião na quarta (20), Siqueira reagiu aos gritos quando Marina afirmou que os coordenadores indicados pelo PSB para a campanha deveriam ter o aval do partido, e não o dela. O aliado de Campos se ofendeu e Marina classificou o episódio apenas como um "mal-entendido".
Siqueira esperou até poder se sentar na primeira fileira do avião, bem distante da poltrona 28A, a última da aeronave, onde Marina estava acomodada. Ao lado dela, alguns assessores e Bazileu Margarido, que vai comandar o comitê financeiro da campanha.
Marina chegou ao aeroporto às 16h20, uma hora antes da decolagem. Preferiu esperar o voo em uma cadeira virada para a pista. Amaral entrou na aeronave sem esperar França, que ganhou da ex-senadora um cumprimento com dois beijinhos na bochecha.
Durante o voo ninguém se falou. A expectativa é que, durante a reunião na capital paulista, Roberto Amaral indique a Marina o substituto de Siqueira.