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Análise

Na semana de Marina, Dilma e Aécio ficam atônitos

Em debate na TV, ex-senadora fala em unir o Brasil, mas não explica como

EX-SENADORA USA O SENSO COMUM DE QUE TUDO É POSSÍVEL PARA QUEM TEM VONTADE. EM BRASÍLIA A COISA NÃO É ASSIM

FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA

O debate entre candidatos a presidente promovido na noite de terça-feira (26) pela TV Bandeirantes mostrou dois ex-favoritos absolutos atônitos, sem saber reagir, e uma nova postulante surfando com sua alta nas pesquisas de intenção de voto.

"É a Marina week", foi a frase ouvida algumas vezes no auditório da Band nos intervalos do debate.

É uma referência ao fato de Marina Silva aproveitar seu melhor momento depois de entrar oficialmente na corrida sucessória há menos de duas semanas, após a morte de Eduardo Campos.

Marina permaneceu a maior parte do debate mostrando estar mais à vontade e tranquila do que Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). A candidata do PSB começou cobrando da petista o resultado dos pactos propostos pelo Planalto pós-junho de 2013 --e que não deram certo. A pergunta (objetiva, dura e afirmativa) marcou mais do que a resposta (com raciocínio helicoidal e inconclusivo da presidente).

As estratégias políticas dos três principais postulantes ficaram claras no debate.

Marina foi ao encontro para reafirmar seu conceito (muitas vezes vago) de nova política. Dilma repete que seu governo faz muitas obras e que a economia não cresce mais por causa da crise internacional. E Aécio segue desejando ser uma espécie de transição segura entre um governo do PT para outro do PSDB. Só que abraçou imagens que não trazem votos, como a de Fernando Henrique Cardoso.

Robustecida pela divulgação da pesquisa Ibope, que a coloca como vencedora num eventual 2º turno, Marina se sentia desobrigada no debate da Band a explicar como fará para ter maioria dentro do Congresso e governar o país.

A pessebista chegou a dizer que pretende fazer um governo para unir o Brasil, e não uma política desagregadora como a protagonizada por PT e PSDB, cuja polarização "já deu o que tinha que dar".

É um truque retórico. A ex-senadora se aproveita do senso comum (errado) sobre tudo ser possível para os que têm "vontade política". Quem passa uma semana em Brasília sabe que as coisas não funcionam assim.

Quando foi forçada a dizer como faria uma "nova política" tendo Neca Setubal (da família dos acionistas do Banco Itaú) como conselheira, Marina rebateu dizendo que considera errada a noção de elite usada por seus adversários. Disse que Neca é uma experiente educadora e por essa razão é da elite. Assim como o líder seringueiro Chico Mendes (morto em 1988) também foi da elite por causa das ideias que representava.

Se essa resposta foi boa e aceitável, os eleitores vão opinar nas próximas pesquisas. Mas essa fórmula tem dado certo para Marina desde 2010. É um discurso em "marinês", que encanta seus seguidores.

Em resumo, a pegada política de Marina é por menos beligerância na política e mais união para construir um país equilibrado. Ela não explica como fará para compor com mais de 20 partidos no Congresso, todos sedentos por verbas e cargos. Apenas surfa num desejo difuso dos eleitores por uma mudança.

Eleição às vezes se ganha vendendo esperança e emoção. Se no governo não der certo, é outra história.


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