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Eleições 2014
Família de Campos quer que União pague indenização a vítimas
Irmão de ex-governador morto em queda de avião pede à Procuradoria que fabricante também seja responsabilizada
Para Antônio Campos, 'não dá para esperar' que investigação defina causa do acidente antes de ressarcir atingidos
O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em Santos (SP) no dia 13 de agosto, quer que a União e a Cessna, fabricante da aeronave, paguem as indenizações às vítimas do voo e aos moradores afetados em solo.
O pedido da família de Campos será apresentado ao Ministério Público Federal. Além de Campos, seis pessoas morreram na tragédia, sendo quatro assessores, o piloto e o copiloto da aeronave.
"Não dá para buscar o [ressarcimento] do dano maior sem achar a razão de acidente. Mas, enquanto isso, não dá para esperar", disse o advogado à Folha sobre a situação dos familiares das vítimas e também dos moradores.
As investigações sobre as causas do acidente ainda não foram concluídas. No final de agosto, o irmão de Campos visitou os moradores e prometeu apoio às famílias.
"Eu não prometo uma coisa sem fazer. O partido [PSB] admite, no futuro, a possibilidade de ajudar em caso de ausência da seguradora."
A representação na Procuradoria tem como alvo a União porque, segundo ele, a base aérea de Santos não poderia ter autorizado o pouso da aeronave com o tempo ruim do dia do acidente.
O advogado alega também que o sistema de auxílio de voo da base é "muito antigo e praticamente inoperante", o que "pode também ter influenciado". A base aérea de Santos é de responsabilidade da Força Aérea Brasileira.
A FAB disse em nota que não comentará as falhas que Campos apontou: "À Força Aérea cabe apenas investigar o acidente para identificar os fatores contribuintes".
INDENIZAÇÕES
Sobre as indenizações, o irmão de Campos afirma que a legislação prevê formas de serem resolvidas de forma "intermediária" ou "definitiva".
A "definitiva" depende do final das investigações, ainda sem uma data prevista.
Por isso, o pedido ao Ministério Público Federal sugere uma "forma intermediária" para reparar os danos de forma mais rápida. Para isso, os envolvidos, como a Cessna, devem acionar suas seguradoras. Ao final das investigações, podem recorrer caso se prove que não estão entre as causadoras do acidente.
O advogado aponta falhas estruturais no avião, como a caixa-preta, que não teria gravado as últimas horas de voo.
"Não é normal uma caixa-preta não estar funcionando. Se cai no fundo do mar, se acha e continua funcionando", disse. Além disso, ele entende que há um "erro de projeto" sobre o recolhimento de flaps em alta velocidade.
Os flaps são um dispositivo que, acionado, amplia a área das asas da aeronave para dar mais sustentação em baixas altitudes, como em pousos ou decolagens.
"Acompanhamos as investigações e em breve nos pronunciaremos sobre uma visão das causas do acidente", disse Campos. Procurada, a Cessna não respondeu até a conclusão desta reportagem.