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Ombudsman, 25

A criação de um defensor dos leitores pela Folha, em 1989, ajudou a melhorar o jornalismo, mas não se disseminou pela mídia do país

DE SÃO PAULO

Há 25 anos, no dia de hoje, a Folha se tornava o primeiro jornal brasileiro a publicar uma coluna cuja missão era criticar o próprio jornal --da perspectiva de seus leitores.

A iniciativa teve origem na Suécia, em 1809 --onde surgiu o termo ombudsman, palavra que significa "representante do cidadão". A princípio, esse profissional tinha a função de receber reclamações contra o governo.

Aos poucos começaram a ser criados ombudsmans em empresas, hospitais e universidades. A imprensa adotou a ideia em 1967, quando um jornal de Kentucky nomeou seu defensor dos leitores. Hoje esse mecanismo é empregado por diários de 27 países.

Na Folha, o ombudsman tem mandato de um ano, renovável por até três anos. Ele não pode ser demitido no exercício de seu trabalho e tem estabilidade de seis meses depois de deixar o cargo.

Essa garantia tem por finalidade preservar sua independência em relação à direção da empresa, para que possa criticar o jornal sem receios.

A importância do cargo pode ser aferida pelas dezenas de "Erramos" publicados mensalmente pela Folha. A despeito disso, poucos veículos se animam a nomear um crítico do próprio jornal.

No Brasil, além da Folha, só o jornal "O Povo", de Fortaleza, tem um profissional filiado à Organização de Ombudsmans de Notícias. Entre as emissoras de TV, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) possui uma ouvidora.

A atual ombudsman da Folha, Vera Guimarães Martins, acredita que a longevidade da instituição "é realmente um fato a ser celebrado. No cenário atual de queda de receita e corte de despesas enfrentados pelos jornais, muitas empresas acabam optando pela eliminação do cargo".

Ela lamenta, porém, que a ideia tenha se tornado "quase uma marca específica da Folha, parte do projeto editorial do jornal, e não do jornalismo, como deveria ser".

A mesma opinião é compartilhada pelo primeiro ombudsman, Caio Túlio Costa -- hoje sócio da MVL Comunicação e coordenador da área digital da campanha de Marina Silva: "Para a imprensa, foi uma belíssima lição. Mas foi uma lição muito dura, porque a função não ganhou o coração da imprensa brasileira".

Para a Folha, o resultado foi muito positivo, pois aprimorou "os mecanismos tradicionais de ouvir o outro lado" e o próprio jornalismo. "O jornal passou a se conhecer melhor e passou a conhecer melhor o seu leitorado", diz Caio Túlio: "E a Folha conseguiu fazer uma instituição respeitada, seja na escolha dos profissionais, seja na independência que deu a eles".


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