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Eleições 2014

Meramente ilustrativo

Para baratear campanhas, candidatos do Paraná e da Bahia usam fotos de banco de imagens em suas propagandas na TV e na internet, que mostram modelos estrangeiros como se fossem eleitores

JOÃO PEDRO PITOMBO DE SALVADOR

O pedreiro que declara voto na candidata ao governo do Paraná Gleisi Hoffmann (PT) faz propaganda de firmas dos EUA, Canadá e Nigéria.

As crianças baianas vítimas da seca do programa de Geddel Vieira Lima (PMDB), que concorre ao Senado, vivem a mais de 5.000 km de Salvador, no sul da África.

A moça que levanta cartaz com o "eu acredito" em Beto Richa (PSDB) --candidato a reeleição no Paraná-- já segurou a mesma placa para defender direitos da mulher na República Dominicana.

Longe de retratarem eleitores cosmopolitas e viajados, as imagens têm a mesma origem: o arquivo da Shutterstock --empresa dos EUA que possui um acervo de 40 milhões de fotos.

De lá vem a "eleitora" que diz que o candidato ao governo baiano Rui Costa (PT) "está na cabeça, na boca e no coração do povo". A modelo também estrela comercial de agência publicitária da Índia.

A imagem de um casal durante exame de ultrassom em 4D que Paulo Souto (DEM) --rival de Rui-- apresenta na TV ao falar de hospital feito em sua gestão na Bahia têm a mesma origem.

Considerado natural pelas equipes de campanha, o uso de fotos de bancos de dados é uma forma de cortar custos e tempo na produção de material publicitário na eleição.

A depender do plano contratado, uma foto do banco de imagens pode custar entre R$ 1 e R$ 24. Já a produção de uma imagem com "eleitores reais" não sairia por menos de R$ 1.000, considerando só a diária do fotógrafo.

Na Bahia e no Paraná, já houve troca de acusações entre campanhas pelo uso dos "apoiadores estrangeiros". Candidatos acusam adversários de enganar o eleitor.

"O benefício é irrisório frente ao custo político de usar imagem falsa. Só consigo ver prejuízo para a campanha e o candidato, que perde credibilidade", diz Afonso de Albuquerque, professor de comunicação na UFF (Universidade Federal Fluminense).

Questionadas sobre o uso de fotos, as campanhas de Geddel, Rui e Gleisi dizem se tratar de prática comum no mercado publicitário.

A equipe de Geddel informou que as fotos de bancos de imagens usadas na campanha são "meramente ilustrativas" e que depoimentos exibidos na TV são reais.

A campanha de Rui disse usar o recurso "em casos específicos", com imagens de animais, objetos ou modelos fotográficos. A equipe de Gleisi disse que o expediente permite "reduzir custo" e dar "agilidade e dinâmica" à comunicação da campanha.

Paulo Souto disse, em nota, que "houve erro" da equipe ao veicular a foto em questão e que "corrigiu" a falha.

A campanha de Richa disse que a foto foi retirada do site e que as imagens não tinham o objetivo de representar eleitores paranaenses.


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