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Eleições 2014

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Candidatos ao governo do Amazonas precisam usar hidroaviões, barcos e lanchas para alcançar eleitores no interior do maior Estado brasileiro

LUCAS REIS DE MANAUS

Enquanto o governador do Amazonas, José Melo (Pros), desce de hidroavião no rio Juruá para visitar comunidades distantes, seu principal adversário na disputa pela reeleição, o senador Eduardo Braga (PMDB), conversa com índios, de pé em uma lancha no meio do rio Solimões, cercado de outras embarcações.

A campanha eleitoral no Estado mais extenso do país vai muito além dos comícios, carreatas e caminhadas de rua.

Percorrer em pouco tempo os 62 municípios espalhados por 1,5 milhão de km² de florestas e rios sinuosos exige altos gastos com vários tipos de veículo, além de improvisos e maratonas --como visitar nove cidades e três comunidades num fim de semana.

Apesar dos esforços de campanha concentrados em Manaus, o interior representa 44% do eleitorado e é invadido por caravanas dos principais candidatos em jatinhos, hidroaviões, barcos e lanchas, misturando a propaganda eleitoral à paisagem verde da Amazônia.

"O grande desafio é levar a campanha, em tempo hábil, a comunidades e cidades tão distantes e isolados", diz Gutemberg Alencar, responsável pela logística de Braga, líder na última pesquisa Ibope, com 46% das intenções de voto.

Saindo de Manaus, é possível chegar de carro a apenas dez municípios. Os voos comerciais só atendem a oito cidades. Barcos e lanchas são os principais meios de transporte, contudo as rotas para municípios mais distantes podem levar dias.

Até mesmo pelo ar, a tarefa não é simples. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação), só 29 cidades do Amazonas possuem aeródromos. Para os outros lugares, os candidatos usam hidroaviões e embarcações. Já que voar à noite é impossível, o governador Melo costuma pernoitar navegando e, ao amanhecer, usa o hidroavião.

"Não é barato e não é fácil fazer campanha no Amazonas. Boa parte dos recursos é usada em aeronaves", diz Radyr Júnior, do Pros.

Segundo colocado na pesquisa Ibope, com 31% das intenções de voto, Melo declarou ter gasto R$ 808 mil com táxi-aéreo até o início de setembro --13% de suas despesas. Braga ainda não publicou gastos com aeronaves, mas o comitê de seu partido já detalhou despesa de R$ 566 mil com frete aéreo.

Para economizarem, as coligações montam as caravanas com o candidato ao governo e ao Senado, além de estaduais e federais, com gastos divididos por igual. Uma única viagem pode custar mais de R$ 80 mil ao todo.

JINGLE EM NHEENGATU

Em vez de cidades, os políticos demarcam o Estado pelos rios, como o Negro, Solimões, Madeira, Juruá e Purus. Em três ou quatro dias, descem o rio percorrendo outras cidades, com apoiadores e eleitores já preparados para comícios, caminhadas e carreatas, ou encontros com líderes comunitários e indígenas. No município de Amaturá, Braga foi recebido por índios cantando seu jingle na versão da língua nheengatu.

Os que não têm condições financeiras de cruzar o Estado se viram como pode.

Na campanha de Marcelo Ramos (PSB), terceiro colocado na pesquisa Ibope (3%), ao lado de Chico Preto (PMN), vai de barco só o material de campanha, em percursos que levam dias até o interior.

"Não temos a menor condição de viajar pelo Estado. Viajamos pelas cidades próximas e contamos com equipes pelo interior", diz Alexandre Barbosa, vice-presidente do PSB no Estado.

Com gastos de R$ 285 mil declarados até o início de setembro na campanha do pessebista, e receita de R$ 371 mil, Barbosa diz que seria preciso multiplicar várias vezes a receita total para conseguir acompanhar as caravanas dos dois adversários."Usamos nossos diretórios no interior e os candidatos a deputado estadual em determinados municípios para levar a campanha pelo Estado", diz.


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