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Mensalão - o julgamento
Marcos Valério mente, diz Lula em Paris
Ex-presidente se esquiva de responder a perguntas sobre o depoimento, que causou constrangimento na comitiva
Presente ao evento, Dilma diz haver tentativa 'lamentável' de atingir petista e ordena que governo faça sua defesa
Remy de la Mauviniere/EFE | ||
Lula e Dilma se abraçam durante o seminário organizado ontem por seu instituto e a Fundação Jean-Jaurès, em Paris |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de "mentira" as afirmações do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza à Procuradoria-Geral da República.
"Eu não posso acreditar em mentira, eu não posso responder mentira", disse Lula na saída do primeiro dia de seminário organizado por seu instituto e a Fundação Jean-Jaurès, ligada ao Partido Socialista francês, em Paris.
Rodeado de assessores e seguranças, o ex-presidente, que tem evitado falar com a imprensa, deixou rapidamente o local. Questionado sobre se poderia responder mais perguntas sobre o caso, afirmou: "Hoje, nem duas".
A divulgação do depoimento causou forte constrangimento à comitiva. Lula desistiu de ir a um jantar para o qual foi convidado pelo presidente da França, François Hollande, no Palácio do Eliseu. Mais cedo, sua assessoria disse que ele iria ao evento, em homenagem à presidente Dilma Rousseff.
A assessoria disse que a desistência ocorreu sem qualquer razão específica e negou relação com o caso do depoimento de Valério.
No Palácio do Planalto, a orientação de Dilma é de que o governo defenda Lula com "veemência".
A operação de defesa envolve de ministros a governadores. Parlamentares da base aliada também estão sendo orientados a sair a campo.
O primeiro ato dessa ação foi da própria Dilma, que fez questão de abordar assunto interno na viagem internacional, o que não costuma fazer.
Ela afirmou que as novas revelações do empresário Marcos Valério são uma tentativa "lamentável" de atingir a imagem de Lula.
"É sabida a minha admiração, o meu respeito e a minha amizade pelo presidente Lula. Portanto, eu repudio todas as tentativas -e esta não será a primeira vez- de tentar destituí-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem."
Dilma fez a defesa de Lula ao ser questionado sobre o depoimento em entrevista ao lado do presidente francês.
"Essa é uma questão que eu devo responder no Brasil, mas eu não poderia deixar de assinalar que acho lamentável essas tentativas de desgastar a imagem do ex-presidente Lula. Eu acho lamentável", disse ela.
Em seguida, Hollande também se solidarizou com Lula. Ele afirmou que o ex-presidente tem uma "imagem considerável" no país em razão de suas conquistas nos campos econômico e social.
Auxiliares de Dilma optaram pelo silêncio ou pela tentativa de desqualificar Valério. "Não vou falar de um delinquente. Ele está desesperado", disse à Folha Marco Aurélio Garcia, assessor especial da presidente.
"Ele foi condenado a mais de 40 anos. Quem está nessa condição fala o que quer", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, esquivou-se: "Não tenho nada para falar sobre isso".