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'Eu vou virar réu por ter sido honesto', afirma delator do caso
MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULOCyonil Borges, autor das informações que resultaram na Operação Porto Seguro, está desencantado com a inclusão do seu nome entre os acusados de corrupção passiva.
"Eu poderia ser o novo herói do Brasil se mentisse. Mas fui honesto demais e contei toda a história, com os erros que cometi. Vou virar réu por ter sido honesto", disse.
Ex-auditor do TCU, Cyonil recebeu uma oferta de R$ 300 mil de Paulo Vieira para escrever um parecer, levou R$ 100 mil, arrependeu-se e delatou o suposto esquema de venda de pareceres jurídicos.
Acusado de corrupção, ele diz não saber se faria tudo de novo. "Se pudesse voltar no tempo, não sei se eu denunciaria. É muita sacanagem comigo. Sou a ponta mais fraca dessa história. Vão condenar só os escalões subalternos."
A decisão da procuradora Suzana Fairbanks, segundo ele, desestimulará servidores que gostariam de relatar casos de corrupção e encerra um erro: "Como testemunha eu teria de falar a verdade. Como réu, posso mentir".
Ele diz que se sente injustiçado porque forneceu todas as informações para a PF, inclusive as negativas para a sua imagem. Além de ter entregue R$ 100 mil a Cyonil, Paulo Vieira obteve um documento falso com ele concluiu o curso de direito.
"Fui eu que avisei a PF sobre essa irregularidade", diz Cyonil. Ele refuta a hipótese de que só delatou o esquema porque só lhe pagaram R$ 100 mil dos R$ 300 mil prometidos. "Se eu tivesse levado um golpe teria ficado quieto. É o que todo mundo faz."
O advogado de Rosemary Noronha, Celso Vilardi, disse que é uma impropriedade dizer que Rose foi responsável pela nomeação de Paulo e Rubens Vieira: "Quem nomeia é o presidente da República".
Cláudio Pimentel, defensor de Gilberto Miranda, diz que não há qualquer fato que ligue seu cliente "a qualquer ato de corrupção". O advogado de Marcelo Vieira, Milton Talzi, diz que "não há e-mails nem conversas do Marcelo falando de propina". Os advogados dos demais acusados não foram encontrados.
