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Análise

Adesão a princípios é o forte de Marina, mas também a limita

CLÁUDIO GONÇALVES COUTO ESPECIAL PARA A FOLHA

FOSSE ELA MAIS PRAGMÁTICA, TERIA BUSCADO ACOMODAÇÃO COM PENNA, O "DONO" DO PV, AO MESMO TEMPO QUE APROVEITARIA O IMENSO CAPITAL QUE ACUMULOU EM 2010, REPOSICIONANDO-SE NAS ÚLTIMAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Marina Silva saiu da disputa presidencial de 2010 como a melhor terceira colocada da história, amealhando quase 20% dos votos. Com tal desempenho, era muito maior do que seu partido, o PV, que teve nesse ano um desempenho pífio na eleição para o Congresso, conquistando apenas 15 cadeiras -uma a mais do que já tinha.

Lideranças partidárias mais apressadas -que avaliam o resultado de uma eleição como dirigentes de futebol que demitem um bom técnico após a primeira derrota importante- logo imputaram a Marina a responsabilidade por não ter alavancado a eleição de parlamentares. Como se o eleitor não distinguisse o voto que dá em cada pleito.

Mas Marina também cometeu erros, subestimando o peso que têm as oligarquias partidárias -logo ela, dissidente do PT, de Dirceus e Falcões.

Embora a máquina do PT seja maior e mais poderosa do que a do PV, as oligarquias partidárias funcionam de forma similar: capturam postos-chave e embotam a competição interna, dificultando o crescimento de recém-chegados e minoritários.

Aquilo que torna Marina referência na cena política nacional -sua adesão férrea a princípios- é o que também lhe limita as ações. A política eleitoral e partidária exige certa dose de pragmatismo e ardil. Na falta de ambos, em vez de atuar como uma força com real capacidade competitiva, uma liderança pode, quando muito, converter-se em ícone de alguma bandeira.

Alguns, como Lula, conseguem combinar os dois papéis. Outros, como Marina, parecem não conseguir manter um sem sacrificar o outro.

Fosse ela mais pragmática, teria buscado acomodação com Penna, o "dono" do PV, ao mesmo tempo que aproveitaria para usufruir do imenso capital político que acumulou em 2010, reposicionando-se nas últimas eleições municipais (a Prefeitura de São Paulo, por exemplo, estava aberta a novidades, como se viu).

Contudo, o que Serra tem em excesso, Marina tem pouco demais -e abdica de trampolins que estão logo ali.

Ela se vê agora com líder de grupo sem partido, tentando construir um partido que não funcione como partido. Dificilmente dará certo. Mas, talvez, a chama continue acesa.


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