Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Jersey decide que Maluf terá de devolver R$ 58 milhões

Justiça de ilha britânica define valor final de condenação por desvio de recursos

Dinheiro é suficiente para construir 13 escolas ou dois CEUs; corte terá que julgar recurso de deputado

Gabo Morales/Folhapress
Maluf deixa restaurante em São Paulo após encontro com bancada de deputados do estado
Maluf deixa restaurante em São Paulo após encontro com bancada de deputados do estado
MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

A Justiça de Jersey chegou ao valor final que o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) foi condenado a devolver à Prefeitura de São Paulo por causa de desvios de recursos entre 1997 e 1998: US$ 28,3 milhões (ou R$ 57,9 milhões).

A sentença com o valor foi divulgada ontem em Jersey, uma ilha no canal da Mancha, ao lado da Inglaterra.

A corte ainda terá que julgar um recurso de Maluf contra a decisão, o que deve ocorrer entre março e abril.

À época em que a Justiça de Jersey condenou Maluf, em 16 de novembro do ano passado, os juízes divulgaram o valor original dos recursos desviados: US$ 10,5 milhões (R$ 21,5 milhões).

A corte estabeleceu que esse valor foi desviado em fevereiro de 1998 e corrigiu o montante para a data em que houve a condenação (16 de novembro de 2012). Foi aplicada a taxa de juros do Tesouro dos EUA mais 1%.

Maluf também foi condenado a pagar os gastos da prefeitura com o processo. Há estimativas de que esse valor possa chegar a R$ 9 milhões, mas a Procuradoria ainda não fez o cálculo oficial de quanto foi gasto com a contratação de advogados britânicos desde fevereiro de 2005.

A prefeitura já recebeu cerca de R$ 2 milhões de Jersey desde 2009. São multas aplicadas a Maluf, pelo fato de seus advogados terem apresentado recursos que foram considerados como manobras para adiar a decisão. Manobra protelatória é punida com multa em Jersey.

Com os R$ 57,9 milhões que devem retornar aos cofres da prefeitura, seria possível construir 13 escolas (ao valor de R$ 4,4 milhões cada uma) ou dois CEUs (Centro Educacional Unificado, as escolas com teatro, piscina e biblioteca). O último CEU feito em São Paulo, no ano passado, custou R$ 29 milhões.

DOCUMENTOS

Maluf foi condenado a devolver a verba porque a corte de Jersey conclui que ele e seu filho Flávio Maluf controlavam empresas "offshores" que receberam os US$ 10,5 milhões: Durant e Kildare.

Maluf sempre negou ser o controlador dessas empresas e diz que não faz parte do processo.

A Justiça de Jersey, porém, tem no processo documentos assinados por Maluf para a abertura de contas bancárias dessas duas empresas.

O juiz Howard Page escreveu na sentença de novembro que ele foi beneficiado com a fraude na obra: "Paulo Maluf era parte da fraude, ao menos na medida em que ele e outras pessoas em seu nome receberam ou foram creditados com uma série de pagamentos secretos".

O valor, segundo a Justiça de Jersey, foi desviado durante a construção da avenida Águas Espraiadas (depois rebatizada de Roberto Marinho) entre 1997 e 1998, quando Celso Pitta, indicado por Maluf, estava na prefeitura.

A corte frisou na sentença que o desvio foi arquitetado quando Maluf estava na prefeitura, entre 1993 e 1996.

A investigação começou em 2001 no Ministério Público Estadual, a partir de uma reportagem publicada pela Folha em 10 de junho.

"É uma sentença histórica. Não é todo dia que conseguimos trazer de volta mais de R$ 50 milhões", disse o promotor Silvio Antonio Marques, que iniciou a apuração.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página