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Análise

Depois de Kassab, criação de partido não será mais tão fácil

RICARDO MENDONÇA EDITOR-ASSISTENTE DE “PODER”

A infidelidade partidária de deputados tinha uma característica sazonal. Entre o fim da apuração, outubro, e o primeiro mês de mandato, janeiro, havia sempre um frenético movimento de migração que invariavelmente turbinava a base do novo governo.

O troca-troca de início de legislatura virou uma tradição. Seu motor era a necessidade de correção de posicionamento dos eleitos. Como todos sabem que a sobrevivência é bem mais difícil longe do Estado, o surto de refiliações servia para isso: aproximar o deputado do centro do poder.

Foi assim até 2007, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabeleceu que desfiliação sem "justa causa" pode resultar em devolução do mandato à sigla prejudicada.

A norma evitou o frenesi de migrações na virada 2010/11. Mas sem alteração na cultura que torna o governismo uma opção tão interessante para quem almeja vida longa na política, aquele impulso antigo do troca-troca não deixou de existir. Só ficou represado.

Essa foi a perspicácia de Gilberto Kassab ao criar o seu "nem de direita, nem de centro e nem de esquerda" PSD.

Um discreto inciso da norma do TSE diz que cassação de infiéis não cabe quando há criação de um novo partido. Kassab viu antes. Criou o novo partido na hora certa, quando seus iguais mais precisavam. Com isso, canalizou para si toda a força daquela gente sedenta por governismo desde a posse, mas ameaçada pela lei da fidelidade.

O PSD é um sucesso. Fundado após a eleição para deputado, tem 49 deles na Câmara. É a terceira bancada. Agora, conforme o script, adere formalmente ao governo.

Desde então, pipoca notícia de gente interessada em criar partido. Marineiros, para relançar Marina ao Planalto; Paulinho, para fugir do PDT; até Serra, sabe-se lá para quê. Não será fácil para ninguém. A grande janela de oportunidade já foi usada por Kassab. Um visionário.


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