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Protestos adiam eleição de pastor para comissão

Feliciano seria escolhido para chefiar grupo de direitos humanos na Câmara

Presidente da Casa decidiu marcar nova sessão para hoje com portas fechadas para evitar manifestantes

DE BRASÍLIA

Após protestos, tumulto e xingamentos, a sessão que ratificaria ontem a escolha de um pastor evangélico como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara foi cancelada e remarcada para hoje a portas fechadas.

Candidato único, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) enfrenta a resistência de grupos de defesa de minorias -que o consideram "racista" e "homofóbico".

Ontem, ele não chegou nem a ter seu nome posto em votação. Foi alvo de manifestantes que gritavam palavras de ordem, interrompiam a sessão e, ao final, gritaram: "Até o papa renunciou, Feliciano sua batata já assou".

O deputado precisaria de ao menos 10 dos 18 votos possíveis para ser confirmado.

A indicação de Feliciano é atribuída a uma articulação do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), integrante da bancada evangélica, e a um acordo de bancadas da Casa -que decidiram dar ao partido dele a presidência da comissão.

"Meus direitos como ser humano foram tolhidos. Fui arranhado, agredido, tive a mãe e a minha família xingadas. Mas meu espírito cristão me impede de revidar", disse.

No microblog Twitter, a assessoria de Feliciano afirmou que ele saiu com "lágrimas nos olhos", escoltado por seguranças e quase agredido.

Após conversa com representantes do PSC, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), remarcou a sessão para as 9h de hoje, mas com restrição na entrada. Só terão acesso integrantes da comissão indicados pelos partidos e a imprensa. Ele quer evitar que manifestantes impeçam novamente a eleição.

"Os que forem contra poderão se ausentar ou votar contra, mas não da maneira que foi hoje [ontem]. Esta Casa precisa primar pelo respeito", afirmou Alves. "A indicação do PSC tem de ser respeitada. Não está em discussão o mérito. É a eleição de um presidente de comissão."

O atual presidente da comissão, Domingos Dutra (PT-MA), disse ser "terminantemente contra" a eleição de Feliciano. "Não podemos deixar um fundamentalista assumir a comissão de Direitos Humanos", afirmou.

Uma das críticas mais lembradas pelos grupos em relação ao deputado se refere a uma declaração feita em 2011.

À época ele declarou que os "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé". Depois, disse que foi mal compreendido por se referir a uma citação bíblica, pela qual o filho de Noé, após ser amaldiçoado pelo pai, foi mandado para a África. "Minha família tem matriz africana, não sou racista."

Anteontem, quando seu nome foi oficializado pelo PSC, citou Martin Luther King (famoso pela luta contra o racismo nos EUA na década de 1960) para se defender de críticas e disse que a Casa não voltará à "idade da pedra".

Hoje, seu nome passará pelo crivo de uma bancada rachada. Não há consenso entre os representantes do PT dentro da comissão.


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