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Ribeirão

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'Ilhado', João Rossi abriga o tráfico na zona sul da cidade

Antes isolado, conjunto habitacional está em meio a bairros de alto padrão

Para diretor da Polícia Civil, o mercado é 'altamente consumidor' e 'se tem quem compra, tem quem vende'

DANIELA SANTOS DE RIBEIRÃO PRETO

Terça-feira, 15h, sol quente. Um adolescente de cerca de 15 anos, parado em frente a um dos prédios do conjunto habitacional João Rossi, quase na esquina das avenidas Lygia Latuf Salomão e Independência, na zona sul, parece esperar alguém.

Minutos depois, um rapaz, olhando para os lados, aproxima-se e fala rapidamente com o garoto, que vai ao canteiro central da avenida, tira algo de um pote e entrega ao jovem, que paga R$ 20.

A cena flagrada pela Folha é mais comum do que se imagina no bairro, "ilhado" na zona sul de Ribeirão, que se desenvolveu e hoje abriga prédios e condomínios horizontais de alto padrão.

De acordo com o delegado da Dise (Delegacia de Investigação Sobre Entorpecente), Ariovaldo Torrieri Júnior, o surgimento de novos bairros na zona sul pode ter influência no aumento do tráfico de drogas no João Rossi.

"No contexto histórico, foi um condomínio de baixa renda inserido em um local que não tinha militância'. Se aumentou a população no entorno, aumentou o consumo."

Ainda segundo o delegado, a avenida Lygia Latuf Salomão já é conhecida como ponto de tráfico. "Muitos moradores denunciam os traficantes e onde as drogas são escondidas e realizamos flagrantes periodicamente."

Os traficantes "buscam mobilidade", afirmou o diretor do Deinter-3, João Osinski Júnior. Segundo ele, o tráfico está em baladas, bares, restaurantes e nas ruas. "Parece um exército. Quando um sai da área de atuação, outro ocupa o lugar em seguida."

Segundo ele, esse mercado é "altamente consumidor" e por isso, "se tem quem compra, tem quem vende."

Ao menos cinco pessoas foram presas ou apreendidas diariamente em Ribeirão por tráfico no primeiro trimestre, aumento de 23% em relação ao ano passado.

Para Alessandra Teixeira, presidente da comissão de segurança pública do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e pesquisadora da Unesp de Marília, os jovens que entram no tráfico buscam uma "carreira" que "dê dinheiro".

Segundo ela, eles começam nas posições baixas e arriscadas, como a descrita no início do texto, e têm uma relação de subordinado e patrão com gerentes e chefes do tráfico. "Um mês no tráfico pode render mais do que os salários dos pais."

Embora o João Rossi tenha se tornado ponto de venda de droga na zona sul, está longe de ser o único. Segundo o delegado da Dise, o Ipiranga, a Favela do Brejo e a avenida Brasil estão entre os pontos tradicionais de tráfico.


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